Não é de hoje que o consumidor passa por maus bocados para identificar informações falsas. Agora, na onda verde que todos querem surfar, cresce o "greenwashing", termo que é traduzido como linguagem verde ou maquiagem verde. Trata-se das situações em que empresas, instituições ou prestadores de serviços fazem marketing de que são sustentáveis, mas não são. O assunto, portanto, cabe como uma luva no espaço fixo que a coluna traz aos finais de semana em Zero Hora para estimular uma transição no nosso comportamento de consumo. Nada é mais eficiente do que isso para provocar as marcas a mudarem sua forma de produzir e vender.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) tem uma publicação digital chamada “É Mentira Verde! Guia de Enfrentamento ao Greenwashing para Consumidores”. O podcast Nossa Economia, de GZH, conversou com a especialista do Programa de Consumo Sustentável do Idec, Julia Catão Dias:
Qual o objetivo do guia?
É direcionado para consumidores identificarem quando são vítimas de mentira verde e porque isso é um problema. Sugerimos ferramentas para identificar quando o apelo do produto é mentiroso. Cada vez mais se busca consumir e viver de uma forma mais sustentável.
Qual sugestão básica ao consumidor?
Se viu no rótulo algo com muito apelo de sustentabilidade, tenha uma pulga atrás da orelha. Por que a empresa está dizendo isso? Inclusive orientamos que as pessoas pesquisem os sites das empresas e entrem em contato com os serviços de atendimento ao consumidor.
Quais perguntas devem fazer?
Depende do caso. Se diz que é emissão zero de gases de efeito estufa, pergunta como comprova, como é feita a compensação, se compram títulos de carbono. Se a empresa diz que é amiga do meio ambiente, pergunta o que a empresa está fazendo exatamente para dizer isso.
E os selos e certificações verdes?
Muitos usam, mas várias certificadoras já foram processadas por problemas socioambientais. Nenhuma consegue garantir que suas certificações estão de acordo com as melhores práticas. Sugerimos que as pessoas questionem as empresas e, se não sentirem-se contempladas na resposta, indicamos até reclamação por publicidade abusiva em Procons, Consumidor.gov.br e no Conselho Nacional Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Em última instância, cabe até judicialização com base no Código de Defesa do Consumidor.
Quais as principais mentiras verdes?
Uma pesquisa nossa de 2019 nas gôndolas mostra que a maior parte dos apelos ambientais é feita sem provas. Essa é a maior mentira verde. Ela desenha uma folha de planta no rótulo porque sabe que o consumidor engajado vai se interessar.
Sustentabilidade não é só meio ambiente. O que mais tem que fazer?
Tem que ser bom para sua saúde, evitando agrotóxicos e ultraprocessados, mas o modelo de produção precisa estar de acordo com os direitos humanos, condições justas de trabalho, sem violar comunidades e povos, e cuidando do meio ambiente. Precisamos de uma mudança radical nos modos de produção e consumo, diante das crises ambientais e sociais que estamos vivendo.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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