Não se sabe se a dragagem das hidrovias do Rio Grande do Sul minimizaria mesmo o transbordamento dos rios, mas certamente reduziria os transtornos logísticos provocados pelo bloqueio das estradas, que ainda geram impacto econômico. As chamadas "estradas de água" têm custo menor e impactam menos o meio ambiente. Porém, junto com as ferrovias, sempre receberam menos atenção do que as rodovias. Atrasada, a dragagem para retomar a navegação dos canais segue a passos lentos e, agora, ficou 150% mais cara com a enchente. A pauta foi parte de um debate no Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Abaixo, leia alguns trechos e ouça o painel na íntegra no final da coluna.
Apesar de ponderar sobre a dragagem de grandes rios, o Instituto de Pesquisas Hidroviárias (IPH/UFRGS) concorda que ela deve ser feita nos canais navegáveis de hidrovias?
Professor do IPH, Fernando Fan - Nos canais navegáveis, acho que é consenso que tem que ser feita. No Guaíba e na Laguna dos Patos, pela proporção do que representa o canal dentro do grande corpo hídrico, provavelmente teria um impacto muito pequeno de diminuição de cheias. Mas a dragagem tem que ser feita na hidrovia pelo funcionamento logístico do Estado, não por motivos de tentar diminuir cheias ou algo assim.
Como a Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (Hidrovias RS) vê a cifra de R$ 450 milhões estimada agora para dragá-las, que disparou com a enchente?
Presidente da Hidrovias RS, Wilen Manteli - Não sei o que está compreendido no valor, mas é preciso dragar já o que é fundamental, onde tem cargas e passageiros. Cabe contratar uma empresa séria com orientação de especialistas para não agredir o meio ambiente. Se não recuperarmos logo esses canais, teremos um problema seríssimo no momento em precisamos manter as empresas. Tem alguns pontos que não precisam ser feitos agora, pois não há trânsito de passageiros nem carga.
Qual a combinação com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para vir a verba federal e qual a previsão para o serviço?
Diretor da Portos RS Henrique Ilha - O Dnit indicou que vai fazer a obra da hidrovia, o porto de Rio Grande e as eclusas. Os R$ 450 milhões são só para hidrovias, ainda não temos o número para os demais. O governo federal ficou de mandar em duas semanas o diagnóstico, conversar conosco e começar as batimetrias (levantamento sobre os sedimentos que precisam ser retirados). Enquanto isso, o porto de Rio Grande já está sendo dragado e estamos fazendo o serviço emergencial nos molhes em função de efeitos da enchente. Existe realmente o interesse do governo federal de fazer a batimetria e as dragagens. Vamos ajudar acompanhando tecnicamente. As licenças ambientais são da nossa responsabilidade.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jaques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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