Assim como na enchente do ano passado, cooperativas de crédito e o Banrisul ficaram de fora dos empréstimos do Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Pronampe) especial para os atingidos no Rio Grande do Sul. A operação do crédito com juro subsidiado ficou novamente restrita a Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Isso prejudica o alcance do programa, pois as duas instituições têm menos capilaridade. As cooperativas, aliás, são conhecidas pela análise de crédito mais ágil, dada a sua proximidade com as comunidades.
Há 397 municípios com decreto de calamidade pública. Segundo o presidente na Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, 44% apenas têm agências do Banco do Brasil e da CEF. Porém, quase todas, 388, têm unidades físicas de cooperativas de crédito.
- No Vale do Taquari, no Vale do Rio Pardo e na Quarta Colônia, CEF e BB estão em apenas 34% dos municípios. Em todos, tem Sicredi - exemplifica, citando regiões muito afetadas pela inundação.
A coluna questionou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo federal, Paulo Pimenta, na entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Ele garantiu que está sendo providenciado.
- Já encaminhamos a solicitação para que sejam incluídos Banrisul e cooperativas de crédito na possibilidade da aplicação dessas linhas de crédito que estão sendo lançadas, não só nas que já foram anunciadas. Vamos voltar a falar com o ministro Fernando Haddad (da Fazenda) e com o Banco Central para, se for necessário, uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Quem conhece o Rio Grande do Sul sabe a importância das cooperativas de crédito - disse.
Dos R$ 2,5 bilhões previstos para subvenção no anúncio do governo federal, R$ 1 bilhão irão para a subvenção do crédito no Pronampe. O valor será para desconto no juro das operações de crédito a partir de maio, com financiamento de até 72 meses com 24 meses de carência e taxa nominal de 4% ao ano.
Para o presidente da Federação das Associações Gaúchas de Varejo (FAGV), Vilson Noer, este Pronampe foi a "cereja do bolo" do pacote:
- 4% ano e sem Selic é quase fundo perdido, mas precisa estar disponível nos operadores - diz.
Além da disponibilidade, é importante encontrar um mecanismo para somente quem precisa tomar o crédito subsidiado. Na edição do ano passado, estar nas cidades já garantia acesso ao valor. O dinheiro acabou rapidamente, com muitos relatos de que empreendedores não atingidos tomaram os empréstimos.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@diariogaucho.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna