Tanto a venda quanto o lançamento de imóveis no Rio Grande do Sul tiveram queda em 2023 na comparação com 2022. O monitoramento foi enviado à coluna com exclusividade pela Brain Inteligência Estratégica. Foram lançadas 12.777 unidades, 23,1% a menos do que no ano anterior, um recuo expressivo. Já as vendas caíram 2,2%, fechando 2023 em 17.488 negócios.
O último trimestre foi o pior nos dois indicadores. Porém, o recuo menor na comercialização do que na entrada de novos imóveis no mercado permitiu uma redução no estoque, salientou o sócio da Brain Guilherme Werner em entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
Werner também destacou a volta do Minha Casa Minha Vida, programa de habitação popular do governo federal. Segundo ele, foi o que sustentou um desempenho melhor de Porto Alegre e da Região Metropolitana na comparação com cidades do Interior, que tiveram quedas mais intensas.
- Além do Minha Casa Minha Vida, os compactos, como estúdios, e os apartamentos acima de R$ 1 milhão ainda têm protagonismo nas vendas, especialmente na capital gaúcha - acrescenta.
Um ponto importante observado por Werner é que o mercado de investimento em imóveis não teve um bom ano. Em 2023, a taxa Selic ainda estava bem alta, remunerando bem aplicações de renda fixa, que concorrem pelo dinheiro que vai para o mercado imobiliário. E isso tanto para quem busca rentabilidade, quanto para ter recurso de poupança para bancar os financiamentos imobiliários.
- Há um público que já mora muito bem e teve menos gatilhos de compra de imóveis no ano passado - comenta Werner.
A queda da Selic, juro básico da economia definido pelo Banco Central, ainda tem aparecido timidamente no crédito para compra de imóveis. A expectativa é de que desemboque com mais força a partir de março. As incorporadoras, ao menos, estão apostando nisso. Várias estão tirando projetos da gaveta, enquanto outras estão com eles a postos.
Para driblar a queda no "funding" imobiliário com os saques superando os depósitos da poupança, empresas foram buscar recursos no mercado de capitais. As emissões de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) em 2023 avançaram 55,8%, somando R$ 63,7 bilhões. São títulos isentos de Imposto de Renda e que dão uma remuneração periódica ao investidor. Para quem emite, servem para captar recursos para financiar transações no mercado imobiliário.
Ouça a entrevista completa ao programa Acerto de Contas:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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