Está autorizada a retomada da fábrica estatal de chips Ceitec, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, que fica em Porto Alegre. Um decreto assinado pelo presidente Lula foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União. O prazo para o "ok" presidencial terminaria na sexta-feira (10), quando, agora, será feita uma assembleia, na qual a reversão da extinção da empresa será oficializada e serão definidos os novos integrantes do conselho fiscal para atuação por dois anos.
- Na sexta-feira, será revertida a liquidação durante a assembleia já agendada. Teremos um período de adaptação e recuperação de RH (recursos humanos); e investimentos para uma nova rota tecnológica - diz o presidente da Associação dos Colaboradores da Ceitec (Acceitec), Silvio Luis Santos Júnior, que aposta que o foco inicial será em sensores para áreas da saúde, agrícola, industrial e automotiva, mesmo com a necessidade de uma complexa certificação
Vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e criada em 2008, a Ceitec desenvolve e fabrica semicondutores. No governo de Jair Bolsonaro, a empresa foi incluída em programa para ser privatizada. Como não houve interesse, um decreto autorizou a sua extinção em 2020, que passou a ser questionada após a crise mundial de falta de chips, ocorrida na pandemia. Em janeiro de 2023, o governo Lula a retirou da lista de desestatização e criou um grupo de trabalho para analisar a reversão do processo de liquidação. O parecer foi positivo pelo fim da liquidação, o que recebeu agora o "ok" ministros e do presidente da República.
Fábrica parada
A fábrica está sem produzir há dois anos e oito meses. Em processo de liquidação, não pôde operar. O atual gestor, Augusto Cesar Gadelha Vieira, garante, porém, que a estrutura segue apta, pois usa as máquinas para deixá-las "aquecidas". O quadro de funcionários precisará ser recomposto, pois sobraram 70 dos 180. Isso já se discute com o governo federal, podendo ocorrer por concursos ou contratações temporárias.
Contexto econômico
A Ceitec tem esperança de que os semicondutores entrem na política de industrialização, assim como tenham os benefícios que a indústria no geral terá da reforma tributária com a redução de impostos ao setor.
— Hoje o chip está presente em quase tudo que fazemos na vida — diz Gadelha, que já comentou à coluna que considera o chip "o petróleo do século 20".
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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