Particularmente, nunca gostei de posturas de resignação quando eu sei que algo pode ser mudado, mas elas têm me incomodado ainda mais nas avaliações da tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul na última semana. Aceitar sem inquietação ou, pior ainda, com uma postura defensiva, achando desculpas sem autocrítica é um atraso. Se, ao longo da história, a sociedade tivesse assumido essa postura, não teríamos alcançado os avanços em estrutura, tecnologia, medicina e todo o resto. Eles ocorreram porque líderes, cientistas ou mesmo a população se inquietou de que algo não estava certo ou podia ser melhorado.
Todas as perguntas são legítimas. As previsões acertaram? Os alertas foram feitos adequadamente? Eles foram levados em consideração como deveriam (por poder público, imprensa e comunidades)? A reação foi no tempo adequado? Defesa Civil acionou Exército? Exército respondeu Defesa Civil? O desassoreamento dos rios poderia ter amenizado? Quem é responsável por isso? Mais infraestrutura evitaria tantos danos?
A reflexão inclui perguntar-se o que nós fazemos para provocar as mudanças climáticas que estão intensificando fenômenos extremos? É certo que eles ocorrerão novamente. Sem apontar os erros ou lacunas onde não atuamos - sejam eles globais ou na nossa cidade -, serão tragédias de novo.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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