As portas seguem fechadas como ficam há mais de 20 anos, mas agora o "bar secreto" do bairro Petrópolis já aceita como cliente quem apertar a campainha. Antes, só podiam entrar conhecidos do antigo dono. Na esquina das ruas João Abbott e Carazinho, o Pub Bier Keller foi vendido por Vitório Levandovski, que foi viver no Litoral, para Marlon Orcy Sauer, que viu o anúncio de venda na internet.
Sauer quer atrair novos consumidores, mas manter tradições. Os próprios clientes se servem e pagam a conta. Ele chegou a pensar em transformar o espaço em restaurante de parrilla, mas se convenceu que deveria manter o padrão. Com a ajuda do gerente Ederson D'Ávila, o bar voltou a oferecer mais de 100 rótulos de cerveja e um clube de sócios que pagam um valor mensal para ter a chave da casa.
— Até o momento, estamos com 12 sócios, que podem entrar no bar a qualquer hora e consumir o que quiserem. É tudo na base da confiança — conta o novo proprietário.
Para entrar no clube, o cliente precisa ter ido ao bar, pelo menos, cinco vezes. Se aprovado, o sócio paga R$ 75 na primeira mensalidade, ganhando uma tag (chave eletrônica) para abrir a porta. Nos próximos meses, paga R$ 50, que podem ser gastos em consumo no local, que está funcionando de segunda-feira a sábado. Segundo o gerente, tem fila para entrar no bar.
— Temos capacidade para 60 pessoas, mas vamos instalar novas mesas para comportar o novo público — conta D'Ávila.
Gerti Levandovski, ex-mulher do antigo proprietário, ainda trabalha no pub cozinhando pratos da culinária alemã que ficam em um bufê. Os clientes ainda podem levar sua própria comida para preparar na cozinha. A adega, que estava vazia, foi preenchida com garrafas. Uma câmara fria, que fica em um espaço no subsolo, foi consertada e conta com mais de 50 rótulos de cervejas importadas.
A quantia paga por Sauer para assumir o negócio não foi informada. À coluna, Levandovski disse no ano passado que cobraria um valor simbólico. Quem comprasse levaria junto objetos históricos do bar, como uma caixa registradora de ferro, que, segundo o ex-proprietário, era usada em uma unidade do Banco do Brasil em décadas passadas; uma torneira, também de ferro, que pertencia à emblemática Confeitaria Rocco, fechada em 1968 no Centro Histórico; e um ventilador no teto, que não está mais girando, originário do Mercado Público. Todos esses itens devem permanecer no local.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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