A marca sueca Volvo tem o Rio Grande do Sul como um dos seus principais mercados. O Brasil, aliás, é um dos países nos quais a montadora passou a vender apenas veículos eletrificados. Aqui no Estado, a parceria é com o Grupo Iesa. Presidente da Volvo na América Latina, Luis Rezende esteve em Porto Alegre nesta semana e deu entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, junto com o diretor da Volvo no Grupo Iesa, Thiago Nahas. Confira trechos abaixo e assista à integra no final da coluna.
Qual a importância do Rio Grande do Sul para a montadora?
Luis Rezende: Viemos para ter certeza de que estão preparados para o salto de vendas que teremos. É um Estado extremamente importante na nossa estratégia. Responde por 10% das minhas vendas no país. Não é à toa que escolhemos um grupo consolidado com conhecimento fantástico do mercado. Apoiamos a feira do agronegócio aqui, que entendemos ser uma parte da economia gaúcha extremamente importante para o Brasil inteiro. Além disso, queremos tirar o mito de que só carro a diesel pode ser vendido em mercados voltados ao agro. Hoje, no Brasil, só vendemos carro eletrificado, ou híbrido ou 100% elétrico. Até 2025, 50% das nossas vendas no mundo serão de carros elétricos e, até 2030, será 100%.
Quais são as novidades?
Luis Rezende: Estamos lançando dois modelos, um para o meio do ano que vem, um SUV de sete lugares chamado EX90, 100% elétrico, com autonomia de 600 quilômetros, uma bateria fantástica e uma tecnologia que identifica um buraco na pista a 400 metros de distância. Também teremos um pré-lançamento em setembro do EX30, com entrega a partir de março do ano que vem, um carro que chega para dobrar de volume no Brasil, o que significa também dobrar aqui no Rio Grande do Sul. Será o nosso carro de entrada da Volvo.
Esses modelos são fabricados onde? Há chance de produzí-los no Brasil?
Luis Rezende: O EX90, para nós, será fabricado nos Estados Unidos. O EX30 será na China, assim como o EX60, o SUV mais vendido no Brasil. Por enquanto, não tem possibilidade de produzir no Brasil. Uma fábrica, para valer a pena, tem que produzir entre 60 mil a 100 mil carros pelo menos. Não conseguimos chegar nesse nível hoje. Somando todos os modelos, vamos de 9 mil para 20 mil. Mas estamos monitorando, quem sabe, se esse carro surpreender positivamente, não tenhamos essa discussão.
Como resolver o gargalo de pontos de abastecimento para veículos elétricos?
Luis Rezende: Entendemos que não é papel do Estado. A indústria privada tem que fazer isso acontecer. O que mais temos feito como Volvo é instalar carregadores elétricos. Dos 28 pontos que anunciamos, já instalamos 10. Ainda está muito em São Paulo, mas, no dia 13, faremos um anúncio grande, que vai cobrir Brasil inteiro, incluindo Rio Grande do Sul, queremos conectá-lo. Fizemos uma pesquisa extensa com a Iesa sobre por onde nossos clientes circulam. Divulgaremos em quais cidades instalaremos, mas Santa Maria está no radar.
Tem se falado na volta da aposta no etanol. O que acha?
Luis Rezende: Vou ser bem transparente. O etanol foi uma iniciativa bacana, mas perdeu seu momento. Hoje, o mundo inteiro apostou em eletrificação. Não há discussão sobre isso. Na China, são 18 milhões de carros vendidos por ano, 30% elétricos. Já são mais baratos de serem desenhados, lançados e produzidos do que um carro a combustão. Etanol só no Brasil. Duvido que essa tecnologia consiga sobreviver a um movimento global. Não podemos achar que a jabuticaba vai ser a fruta do mundo inteiro, porque só tem no Brasil.
E o hidrogênio verde?
Luis Rezende: É uma solução que precisa ser desenvolvida, mas está sendo acompanhada de perto. Pode ser uma grande alternativa para veículos pesados para evitar baterias enormes.
Qual é a representatividade da Volvo dentro da Iesa, que tem várias marcas?
Thiago Nahas: É um dos pilares, representa aproximadamente 20% do grupo. Temos três lojas, acabamos de abrir em Passo Fundo. Começamos a parceria em 2016 por Porto Alegre e, depois, fomos para Caxias do Sul. A Volvo vai crescer muito no Brasil e queremos crescer junto.
Há nova ampliação prevista?
Thiago Nahas: Tivemos uma aceitação grande da eletrificação, apesar do receio que tínhamos com o interior do Estado. Temos, com a Volvo no Rio Grande do Sul, uma participação de mercado hoje bem acima da média nacional. Devemos começar em breve uma ampliação da loja de Porto Alegre para ficar pronta antes do lançamento do carro. Estamos discutindo planos para ter mais capilaridade.
E sobre os pontos de recarga?
Thiago Nahas: Nós, como Iesa, também estamos fazendo instalações. Já temos mais de 40 pontos no Rio Grande do Sul.
Qual o perfil do consumidor da marca?
Thiago Nahas: Sempre foi associada à segurança, é um símbolo. Para quem tem filhos, é um adicional que passa muita confiança. Então, é um perfil altamente premium, familiar e muito dividido entre o masculino e feminino.
Assista à entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna