Após o balde de água fria da portaria que isentará do imposto de importação de 60% as compras do Exterior até US$ 50 a partir de agosto, o varejo conseguiu cooptar a indústria para a batalha. Os dois setores estiveram no Ministério da Fazenda para buscar um recuo, apresentando números de impacto econômico, como o fechamento de 2,5 milhões de empregos. O governo federal se comprometeu a analisar o estudo. O presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, falou ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Qual sua reação quando saiu a portaria da isenção?
Bem lembrado. Estava tudo sob controle. Sairia portaria em 1º de julho que regularia para um combate forte à ilegalidade, câncer que assola o país. Fomos surpreendidos negativamente. Teve queda até nas ações das empresas em bolsa. De imediato, fizemos reuniões com o ministro, mostrando o quão ruim pode ser para o país. O consumidor fala "tô pagando muito mais barato", mas não percebe que destrói emprego, deixa de arrecadar imposto para saúde, educação e infraestrutura. A alíquota de 17% de ICMS é insuficiente, porque pagamos 25%.
Sente que o governo pode recuar?
Pelo menos, voltar ao que já era. O imposto sempre existiu. Pode ter sido uma interpretação de que não haveria impacto. Existe, e muito forte. Entendemos que o governo ficará sensível porque já temos associados dizendo: "Acho que vamos levar nossos armazéns para os países fronteiriços e trazer de lá a imposto zero. Exportaremos." As empresas vão achar uma forma de sobreviver.
Faz parte da estratégia das gigantes asiáticas mostrar que têm operação física no Brasil. A Shopee informou à coluna que está espalhando centros logísticos pelo Rio Grande do Sul. Como o varejo nacional vê?
Falando pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), vemos como uma boa iniciativa. Foi anunciado que a H&M, a segunda maior empresa de confecção do mundo, virá para o Brasil em 2025. Ótimo. É mais emprego, gera competição saudável. Tudo que for dentro das mesmas regras é bem-vindo. Nosso estatuto diz que todos podem se associar desde que cumpram as obrigações tributárias e trabalhistas.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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