Ganhou fôlego na última semana a discussão sobre taxação de compras feitas em sites internacionais, principalmente asiáticos. O governo federal confirmou que vai reforçar a fiscalização para evitar o drible de algumas plataformas ao enviar mercadorias sem pagar imposto, mas reforçou que não se trata da criação de uma nova taxa. Também estuda o que fazer em relação ao mecanismo que isenta de tributação transações de até US$ 50 entre pessoas físicas. É a partir dele que algumas empresas tentam driblar a fiscalização.
De origem na Singapura, a Shopee é uma das empresas que costumam ser citadas quando se fala em tributação de compras por plataformas estrangeiras. No entanto, à coluna, o diretor de Marketing e de Growth (crescimento) da empresa no Brasil, Felipe Piringer, disse que o impacto para a plataforma e para seus vendedores seria mínimo. Isso porque, segundo ele, mais de 85% das vendas já são nacionais. Ele também falou sobre a estratégia de crescimento da empresa e curiosidades do mercado gaúcho. Confira trechos da entrevista abaixo.
Como o mercado brasileiro se posiciona dentro da estratégia da Shopee?
Estamos no Brasil desde 2019. Lançamos a operação local em julho de 2020. É um mercado muito importante para gente. O nosso foco é o empreendedorismo local. É conectar o maior número de vendedores brasileiros com consumidores brasileiros. Hoje, em termos de estrutura, temos dois escritórios em São Paulo e seis centros de distribuição. Hoje temos mais de 3 milhões de vendedores cadastrados na plataforma, de todos os perfis. Desde um pequeno empreendedor, para grandes empresas e marcas, como Heineken e Nívea. Mais de nove em cada 10 vendas são de vendedores com CNPJ.
Como o Rio Grande do Sul se encaixa dentro dos planos de crescimento da Shopee? É um Estado relevante para empresa?
Sem dúvidas. A gente tenta sempre customizar. Temos muitos vendedores do Rio Grande do Sul. É o sexto Estado com mais número de pedidos. Entre os produtos mais vendidos tem máquina de cortar cabelo, kit de roupa íntima masculina e câmera de segurança. E entre as cidades que mais compram estão Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Gravataí. E o segmento que tem mais procura pelos gaúchos são as categorias de moda, casa e decoração e bem-estar.
Como é a relação da Shopee com as empresas que querem vender pelo marketplace?
Temos dois níveis. Para se cadastrar, tem toda uma checagem do nosso lado dos termos de condições exigidos pela Shopee. Os maiores vendedores, são cerca de cinco mil, são gerenciados localmente. Temos equipes ajudando esses vendedores no dia a dia. Mas para todos os outros, temos plataforma de cursos para ensinar como vender na plataforma, gerenciar o negócio.
Vocês entraram com operação local no início da pandemia. Foi um momento importante e de crescimento para o e-commerce. Agora, há poucas restrições e a volta de circulação das pessoas. Como está este momento para Shopee?
Não vimos uma grande mudança de comportamento na nossa plataforma. O nosso propósito é conectar no online o maior número de usuários e vendedores e penetrar em regiões e em pessoas que ainda não tinham oportunidade de vender online. Claro, a pandemia acabou acelerando um pouco a mudança de comportamento, mas a facilidade que a pessoa tem na Shopee, e a oferta de produtos, isso é permanente. A migração para o online acelerou, mas não voltou depois.
Tudo que a Shopee vende é por marketplace?
Tudo é por marketplace, por vendedores.
E como a plataforma consegue fazer a oferta de um preço mais competitivo, que é um dos destaques da Shopee?
A gente, diretamente, não controla. Mas temos uma base muito grande de vendedores. Uma alta variedade de produtos, muitas opções. A maneira como influenciamos isso é por meio de propostas de valores competitivas. Temos taxas menores, vários serviços que facilitam para o vendedor, e benefícios que a Shopee dá para a venda, como os cupons de frete grátis e de desconto. Para o vendedor, tentamos facilitar o máximo para ele conseguir vender. Isso reflete no preço que ele coloca na plataforma. E em datas especiais, nossa equipe também entra em contato com vendedores para achar ofertas que façam sentido.
A parte de logística é operada pelo vendedor?
É organizada pela Shopee, por meio de parceiros logísticos. O vendedor, ao terminar sua venda, emite a nota, e dependendo do modelo que está, terá uma coleta, ou precisa levar em algum lugar. A partir daí, a Shopee vai garantir que chegue ao consumidor final.
Vocês fecharam 2022 em terceiro lugar na participação de mercado entre as empresas de e-commerce, atrás apenas da Mercado Livre e da Amazon. Como traçam a estratégia de crescimento?
A gente tem uma estratégia de ter nossa marca presente em multicanais, televisão, online, redes sociais, sempre se adaptando ao tom de voz do canal. Tem uma parte de benefícios para os usuários, principalmente nas campanhas que fazemos todos os meses em datas duplas. E tem uma parte, de todas a mais importante, que é a plataforma. Ser uma plataforma simples, alegre, fácil de usar, segura. Todo pagamento que o consumidor faz é retido pela Shopee até ele confirmar no aplicativo que recebeu conforme esperava.
Tem se discutido bastante a tributação de mercadorias que brasileiros compram da China. E quando se fala nisso, é comum citarem, entre outras empresas, a Shopee. Como vocês se posicionam?
Hoje, mais 85% das vendas são de locais. A gente não importa produtos, porque somos marketplace. Sim, temos vendedores de fora do Brasil, mas representam apenas uma pequena porcentagem da plataforma. Sobre sermos citados, até dói na gente, bastante, quando nos citam naquele contexto. Tentamos compartilhar que somos locais. Tem uma diferença entre a origem de uma empresa e seu propósito. Tem muita empresa multinacional no país. A Shopee foi fundada em Singapura, está no Brasil desde 2019, operação local desde 2020, e a proposta é construir esse ecossistema dentro do Brasil, entre vendedores e consumidores. O impacto, de qualquer medida que for, é mínimo para Shopee. Vamos seguí-la a risca. Confiamos que será tomada uma medida que será melhor para o Brasil, e a Shopee vai seguir a risca. Vemos que para nós, nossos consumidores e vendedores, o impacto será mínimo.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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