Chamado de "joia da coroa" da Ulbra pela sua boa geração de caixa, o curso de Medicina será vendido por leilão. A instituição está em recuperação judicial e a medida é para levantar recursos para pagamento das dívidas. O lance mínimo será de R$ 700 milhões, com possibilidade de os interessados usarem créditos para a compra. A disputa será na modalidade de stalking horse, quando já há um interessado de referência. Trata-se do fundo de investimentos Calendula, que vem há algum tempo "comprando créditos", ou seja, pagando credores da Ulbra.
Mecanismo autorizado em recuperações judiciais quando é separada uma parte operacional da empresa, a UPI (unidade produtiva isolada) que será vendida no caso da Ulbra engloba os atos regulatórios do curso de Medicina de Canoas, como autorizações do Ministério da Educação, informa o administrador judicial do processo de recuperação da universidade, José Paulo Japur, do escritório Brizola e Japur Administração Judicial. Ou seja, não inclui estruturas físicas. Também serão vendidos outros imóveis que, segundo Japur, levantarão recursos para pagar créditos trabalhistas, que já tiveram R$ 50 milhões quitados no final do ano passado. A leva é grande, incluindo o campus de Canoas, e a soma atinge R$ 1,363 bilhão.
- O edital foi publicado nessa quarta-feira (14) e os interessados têm 15 dias para se habilitar para participar - explica Japur.
Procurada, a Aelbra, mantenedora da Ulbra, não quis dar entrevista sobre o assunto. Em uma breve nota, reforçou que a venda está prevista no plano de recuperação judicial aprovado por credores e que não será afetada a continuidade dos cursos. Recentemente, a Ulbra anunciou a abertura de 480 vagas em Medicina. Era uma tentativa de valorizar o ativo, mas a oferta acabou suspensa pela Justiça.
Campus de Gravataí
Outro movimento recente de venda de ativo foi a prefeitura de Gravataí comprar o campus da Ulbra na cidade. O acerto abrange a desapropriação da área na Avenida Itacolomi, no bairro São Vicente, que será por decreto. O município pagará R$ 21,7 milhões. O espaço será usado para gabinete do prefeito, secretarias, escolas, centros culturais e realização de feiras.
Recuperação judicial
O pedido de recuperação judicial da Ulbra foi ajuizado inicialmente em 6 de maio de 2019, conforme noticiado pela coluna na ocasião. A solicitação englobava dívidas financeiras, com fornecedores e trabalhadores. Além do valor que entra no processo, havia outros R$ 5,8 bilhões de dívidas tributárias. Em março de 2022, o controle da Associação Educacional Luterana Do Brasil (Aelbra, mantenedora da Ulbra) foi vendido para a Rede Evolua de Educação, de São Paulo.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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