O controle da Associação Educacional Luterana Do Brasil (Aelbra, mantenedora da Ulbra) foi vendido para a Rede Evolua de Educação, de São Paulo. Com isso, os atuais sócios saem do negócio e a nova empresa assume a gestão. Os funcionários foram comunicados nesta quinta-feira (10).
A ideia principal é retomar o processo de recuperação judicial, que está suspenso desde fevereiro. Para isso, um dos pontos será renegociar a dívida fiscal com a União. O endividamento total, considerando os demais credores, bate em R$ 9 bilhões. A ideia é reduzir bastante esse valor.
As aulas nas unidades de educação seguem mantidas. A Aelbra tem sede em Canoas, mas operações inclusive fora do Rio Grande do Sul. Além de avançar no processo de recuperação, a ideia é viabilizar investimentos futuros. As negociações com a Rede Evolua de Educação começaram há dois anos. O valor da operação não foi divulgado, mas a empresa assume as dívidas. O entendimento é de que, sem a entrada do grupo de investidores, a instituição iria à falência.
“A chegada de um projeto robusto, com o aporte de recursos financeiros que possibilitam à instituição enfrentar a recuperação judicial e a dívida tributária, é uma boa notícia a todos e especialmente à comunidade educacional. Sem um investidor e com a suspensão da Recuperação Judicial, no início de fevereiro, o caminho mais provável seria a falência”, disse Marcos Ziemer, diretor executivo da Aelbra, em nota enviada à coluna.
“Vamos trabalhar para que a Ulbra seja reabilitada e para que volte ao topo da pirâmide das instituições educacionais brasileiras, onde já esteve e tem plenas condições de retornar. Temos absoluta confiança nisso ou não estaríamos assumindo esse compromisso”, afirma Carlos Melke, que será novo presidente da Aelbra, na mesma nota.
A reestruturação administrativa e financeira terá à frente Antônio Carlos Romanoski, advogado que já atuou na recuperação de diferentes empresas em crise financeira, como Gafisa, Flytour e Companhia Paranaense de Energia (Copel). Romanoski será como vice-presidente da Aelbra.
“Entendo muito de cenários de crise. Meu papel é trazer a solução, que em alguns casos está aqui dentro, assim como agregar valor ao que é feito pela universidade. O investimento na Ulbra é de longo prazo e queremos ver novamente as pessoas com orgulho de trabalharem nesta instituição, que seguirá com seu DNA luterano”, explica Romanoski.
O pedido de recuperação judicial da Ulbra foi ajuizado inicialmente em 6 de maio de 2019, conforme noticiado pela coluna na ocasião. A solicitação englobava dívidas financeiras, com fornecedores e trabalhadores. Além do valor que entra no processo, há outros R$ 5,8 bilhões de dívidas tributárias.
A Rede Evolua é um grupo privado que atua na recuperação de escolas que se encontram em dificuldades financeiras. Com sede em São Paulo, onde administra três colégios, a Rede Evolua foi fundada em 2020, durante a pandemia, com foco na Educação Básica e no Ensino Superior.
Bacharel em Direito e fundador da Rede Evolua, Melke atua em grupos educacionais há mais de 10 anos. Em 2019, seu nome apareceu em uma operação policial que investigava comercialização de vagas em Medicina e fraudes no Financiamento Estudantil do Governo Federal (Fies) em uma universidade. Na sequência, ele apontou falhas na ação e solicitou a suspensão do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), já com parecer favorável.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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