Não será em maio que a taxa de juro vai ser reduzida, não, sinalizou bem o Banco Central na ata divulgada nesta terça-feira (28). A preocupação com a inflação acima da meta ainda permeia o documento, seja na demanda por serviços, seja nos preços administrados, que incluem combustíveis e energia, por exemplo. Justifica a manutenção da Selic em 13,75% por mais tempo, apesar da pressão política e empresarial, dizendo que o "processo demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas." Também alerta que uma política de juro expansionista pode piorar o cenário, o que se refere, especialmente, às taxas de juros subsidiadas que o BNDES tem dito que intensificará.
Em um tom mais ameno, a autoridade monetária reconheceu os esforços do governo federal para fazer andar a nova âncora fiscal que substituirá o teto de gastos, afirmando que ele atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, que desembocariam em mais inflação. Entende que o governo reonerar a gasolina reforça esse compromisso.
"O Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos", diz trecho da ata do Copom.
Ainda assim, manteve a frase na qual diz que não hesitaria em voltar a aumentar o juro se o processo de "desinflação" não correr como o previsto. Essa possibilidade tem sido atacada pelo presidente Lula e criticada pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet. Em tempo, o Banco Central vê impacto limitado no Brasil da quebra dos bancos norte-americanos, que, por sua vez, devem fazer o Federal Reserve (FED), pisar no freio na alta do juro por lá se o crédito minguar.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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