
Um dentre vários passos necessários e importantes foi dado para o data center que a Scala quer construir em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. Foi publicada no Diário Oficial da União uma portaria pela qual o Ministério de Minas e Energia reconhece a possibilidade de haver energia suficiente para a primeira fase do empreendimento, que contempla R$ 3 bilhões em investimento.
O texto lista ainda a estrutura que a empresa precisaria construir, como extensões de linhas de transmissão e um pátio de uma subestação, com prazo até 2033. Para ser autorizada a puxar energia do sistema interligado nacional, a empresa ainda precisará de liberações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Ainda assim, o resultado foi comemorado pelo governador Eduardo Leite, que está nos Estados Unidos e falou com a colunista Kelly Matos. Ele está ciente da demanda de energia do projeto:
— É o equivalente a todo o consumo do Estado do Rio de Janeiro — disse, referindo-se à possibilidade de a Scala construir a "cidade de data centers" que almeja, o que depende ainda do avanço (e da ampliação) do marco legal da Inteligência Artificial (IA) no Congresso.
Chefe da Casa Civil e secretário estadual que mais acompanha projetos de energia, Artur Lemos reforça a importância desta portaria, mesmo que ainda sejam necessárias outras autorizações:
— Serão pareceres de acesso, mas sairão já com calendário feito de investimentos. Temos linhas de transmissão e esse movimento desencadeia novos leilões, dando fôlego a parques renováveis gaúchos — diz.
Data centers usam apenas energia renovável, além de precisar de muita água para resfriar os equipamentos que superaquecem. O Rio Grande do Sul não é autossuficiente, o que fará a Scala e outras empresas puxarem do Norte e do Nordeste, caso não venhamos a produzir mais. Para isso, o diretor do Sindicato da Indústria de Energia Renovável do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, lembra que é preciso conseguir crédito mais barato (pois outras regiões têm recurso de fundo constitucional), avanço da regulamentação para gerar energia eólica offshore (com aerogerador instalado em água) e manutenção do sinal locacional, inserido na tarifa de energia em 2023 para elevar o custo de quem onera mais a rede e que cobra mais de quem, no Sul, puxa de outros mercados.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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