Gaúcho de Alegrete, mas fora do Rio Grande do Sul há muitos anos, o presidente da Dell Technologies no Brasil, Diego Puerta, é um dos palestrantes do South Summit. Ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o executivo falou sobre a falta de mão de obra, o gargalo mundial de insumos e a operação que a gigante de computadores mantém no Estado. Confira trechos abaixo e o áudio na íntegra no final da coluna.
O senhor fez parte da negociação para trazer a Dell para o Rio Grande do Sul. Como foi?
Era uma discussão para trazer a Dell para o Brasil. Em 1997, eles acreditavam no potencial brasileiro, mas estudavam onde e como fazer o investimento. Estavam em incursões iniciais com outros Estados e fomos atrás para trazê-los para o Rio Grande do Sul. Foram uns 14 meses de negociação até decidirem. Fui contratado logo na sequência.
Qual é a estrutura que a empresa mantém no Estado hoje?
Nossa maior operação no Brasil é no Rio Grande do Sul. Dos 4 mil funcionários, mais de 3,2 mil são localizados aqui. Todo o nosso centro de desenvolvimento de soluções, um dos quatro grandes polos mundiais da Dell, é no Rio Grande do Sul, assim como o time de vendas a estrutura administrativa e financeira. Para quem já ligou para o 0800 da Dell, os representantes de venda ou mesmo suporte técnico são baseados aqui. A unidade fabril da Dell é em Hortolândia, no interior de São Paulo, mas toda a nossa inteligência é realizada pela unidade gaúcha. Tenho a felicidade de ter uma agenda recorrente no Rio Grande do Sul também, apesar de estar em São Paulo há 16 anos.
A Dell também enfrenta falta de mão de obra, que assola empresas de tecnologia?
Sim. Isso decorre da falta de investimento em capacitação digital. Não faltam profissionais apenas para a Dell, mas para outras empresas de tecnologia, para o banco que quer investir, para a indústria que quer se desenvolver e se preparar para um mundo de tecnologias, com fábricas conectadas via 5G. Foi uma das razões pela qual, quando soube que o South Summit seria aqui, a Dell foi uma das primeira a levantar a mão e dizer que queria fazer parte desse projeto. Acreditamos no potencial da mão de obra do Rio Grande do Sul. É uma iniciativa fantástica.
A empresa ainda tem dificuldade para comprar matéria-prima para produzir os equipamentos?
Produtos concorrentes consomem os mesmos itens que nós. Um carro é um computador sobre rodas. Um veículo de luxo lançado agora tem mais de 7 mil microprocessadores. O mercado ficou bastante desabastecido. Tivemos uma posição favorecida no Brasil para gerenciar o cenário, com uma fábrica e fornecedores locais de boa parte dos itens. Eu não tenho estoque de produto acabado, só produzo sob demanda, o que exige planejamento prévio grande e compromisso de meses com antecedência com os fornecedores. Houve problemas, ficamos desabastecidos, mas a Dell foi quem menos foi impactada. O desafio continua, mas a situação está mais normalizada.
Colaborou Vitor Netto
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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