Os planos da Petrobras de avançar no mercado de energias renováveis englobam o Rio Grande do Sul. A estatal assinou uma carta de intenções com a gigante norueguesa Equinor para ampliar os estudos de projetos de usinas eólicas offshore — instaladas fora da costa, em alto-mar, onde costuma haver maior incidência de vento, além de permitir equipamentos maiores. Dos dois parques que já estavam com projetos em análise na divisa do Rio de Janeiro com o Espírito Santo desde 2018 pela parceria, agora serão sete, inclusive em águas gaúchas.
Aqui no Rio Grande do Sul, as duas companhias vão avaliar a viabilidade técnico-econômica e ambiental para dois parques eólicos no mar, que somam 300 aerogeradores. Um deles, chamado de Atobá, fica no mar entre Santa Vitória do Palmar e Pelotas. Pelas informações disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), são 166 aerogeradores, com potência total de 2,49 gigawatts.
O segundo parque leva o nome de Ibituassu. Ele está previsto para ser instalado no mar próximo a Xangri-Lá. São 134 aerogeradores, com potencia total de 2,01 gigawatts. Neste caso, alerta o Ibama, há outros projetos em análise — de outras companhias — na mesma área. Ou seja, há sobreposição.
Os sete projetos que serão estudados em parceria da Equinor com a Petrobras têm, somados, potência de 14,5 gigawatts. É praticamente a mesma da Itaipu, a terceira maior do mundo em termos de capacidade instalada.
Petrobras renovável
O que já era esperado para o governo Lula fica ainda mais evidente em falas da nova presidência da Petrobras: a volta da aposta da estatal em energias renováveis. E, ao que tudo indica, será com ainda mais força do que era nos governos anteriores. É o contrário do que vinha sendo feito, quando o foco ficava na exploração de petróleo por ser a atividade considerada mais lucrativa para a empresa.
Na sua primeira entrevista coletiva, ainda na semana passada, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já começou dando recado, ao dizer que a empresa fará parte da transição energética mundial, além de ter a sua própria mudança para viver pelos "próximos 70 anos". A privatização da Petrobras Biocombustíveis deve ser, inclusive, cancelada.
A nota que informou sobre a parceira para eólica offshore reforçou o posicionamento. Ela traz uma fala de Prates na qual o acordo "vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renovável no Brasil, aproveitando o expressivo potencial eólico offshore de nosso país e impulsionando nossa trajetória em direção à transição energética". Fez ainda uma analogia ao destacar que a Petrobras já tem uma tecnologia offshore reconhecida mundialmente, o Pré-Sal, que é a exploração de petróleo em águas profundas do mar.
O futuro offshore do RS
De acordo com a última atualização do Ibama, o Rio Grande do Sul tem 21 projetos de parques de energia eólica no mar em fase de licenciamento. Inclusive de outras gigantes do petróleo, como a Shell. Saiba mais: Com investidores do Japão a gigante do petróleo, RS tem 21 projetos para gerar energia no mar
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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