Está indo a leilão o último ativo do Estaleiro Só, gigante da indústria naval que nasceu em 1850 e faliu mais de um século depois, em 1995. Tratam-se de direitos de crédito — ou seja, valores que a empresa têm para receber, geralmente em alguma ação na Justiça. Neste caso em específico, é uma ação que a massa falida tem contra a União, por meio do então estatal Instituto Brasileiro de Resseguros (IRB).
O lance mínimo para compra dos direitos de crédito é de cerca de R$ 367,2 milhões. A questão é que o valor pelo qual valem esses direitos de crédito ainda não está definido. A massa falida apurou, em cálculo de 2016, que fica em cerca de R$ 982 milhões, mas a União recorre. O valor "incontroverso" (aquele que não deve mais mudar) é de R$ 106,1 milhões. Ou seja, é uma operação de risco.
"O terceiro que realmente manifestar interesse em adquirir crédito, que ainda é passível de liquidação, deverá arcar com o risco caso o valor apurado em liquidação seja menor em relação ao valor da aquisição, assim como a ele caberá os louros da conquista, caso o valor seja superior ao da aquisição", diz parte do edital.
O leilão acontece no dia 15 de março e é organizado pela Raupp Leilões. No site da leiloeira, há o edital e mais detalhes sobre o certame. Esse é o último ativo da massa falida, diz o leiloeiro Naio Raupp. Outro grande bem da empresa era o espaço da indústria naval, que abriga, agora, o parque Pontal, projeto que engloba um shopping e um hotel na orla do Guaíba. O leilão do terreno e a construção do projeto levaram anos para acontecer.
O Estaleiro Só fabricou mais de 170 embarcações. Na década de 1970, chegou a empregar mais de três mil pessoas. A família fundadora vendeu para um estaleiro do Rio de Janeiro o controle em 1972. A década seguinte, já como sociedade anônima, foi muito difícil, sem incentivos para a indústria naval. O colega Leandro Staudt contou a história da empresa em GZH. Confira: A indústria que produzia navios na área de novo shopping em Porto Alegre
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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