Após praticamente um ano, o preço médio do litro do diesel voltou a ficar abaixo dos R$ 6 no Rio Grande do Sul. De acordo com o último levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o litro do combustível comum - o chamado S500 - foi vendido, entre os dias 19 e 25 de fevereiro, por R$ 5,82. Na semana anterior, já tinha sido comercializado por R$ 5,90. Já o S10 - que tem menos enxofre e é o mais utilizado para veículos fabricados após 2012 - foi vendido a R$ 5,85.
Desde março do ano passado, o preço do litro do combustível não ficava abaixo dos R$ 6 no Estado. Durante o último ano, inclusive, chegou a passar dos R$ 7 entre junho e agosto. Na metade do ano, o S10 foi comercializado a R$ 7,49, e o comum, a R$ 7,40. Depois, até caiu, mas não a ponto de passar da barreira dos R$ 6.
A volta ao patamar dos R$ 5 tem uma explicação básica. A Petrobras vem reduzindo o valor nas distribuidoras. Os efeitos que já podemos ver na última pesquisa da ANP são da queda no preço do diesel do início de fevereiro, quando a Estatal reduziu em R$ 0,40 o preço do litro. Desde o início do ano, a média do litro do combustível já caiu 7,9% no Rio Grande do Sul.
Além disso, a Petrobras anunciou uma outra redução, na semana passada, de outros R$ 0,08, cujo impacto ainda nem aparece no último levantamento da ANP. Ele começará a ser sentido na pesquisa a ser divulgada na segunda-feira (6). Se a queda vier como esperada, de R$ 0,06 nas bombas, a média do preço do diesel deve ficar abaixo dos R$ 5,80. Na Região Metropolitana no final de semana, a coluna encontrou vários postos vendendo o combustível abaixo dos R$ 5,50.
Diretamente, a queda no preço do diesel não surte impacto tão grande na inflação, porque o combustível tem um peso baixo no índice calculado pelo IBGE. Indiretamente, porém, os efeitos são altíssimos. Isso porque o diesel é considerado o "combustível da economia brasileira". Grande parte do transporte e da logística do país é feito por modalidade terrestre. Logo, o valor do combustível pesa no orçamento das transportadoras e tem efeito em cascata em praticamente todos os produtos. Isso, inclusive, foi enfatizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando anunciava a retomada dos tributos federais sobre a gasolina.
Mais próximo da gasolina
Tradicionalmente, o diesel custava menos que a gasolina nos postos. O cenário mudou no ano passado, principalmente quando a gasolina ganhou isenções e quedas tributárias que já existiam para o diesel. Agora, as linhas de preço dos dois combustíveis voltam a se aproximar.
De acordo com a última pesquisa da ANP, a gasolina comum estava sendo comercializada a R$ 4,97. Uma diferença de R$ 0,85 em relação ao diesel. Acontece que o levantamento ainda não mostra os impactos da volta da cobrança de tributos federais sobre a gasolina, que deve gerar um aumento direto de R$ 0,37 nas bombas, nem da nova queda do diesel. Considerando os valores atuais e aplicando esses reajustes previstos, a gasolina iria para R$ 5,34, e o diesel, para R$ 5,76. A diferença cairia praticamente pela metade.
Na Região Metropolitana, inclusive, não foi difícil para a coluna encontrar postos cujo diesel estivesse, já, mais barato que a gasolina neste final de semana. No aplicativo Menor Preço, da Receita Federal gaúcha, é possível identificar estabelecimentos vendendo o S10 a R$ 5,39 - praticamente o mesmo preço da gasolina.
Daqui para frente
É difícil prever como se comportarão os preços dos combustíveis, porque, seguindo a política de paridade internacional, há muitos fatores que podem ser levados em conta. De certo, há a discussão sobre aumentar a faixa de mistura do biodiesel com o diesel nas bombas, o que pode surtir efeito no preço. Além disso, a isenção sobre tributos federais irá durar até o final do ano, diferente da gasolina e do etanol, que acabou agora no final de fevereiro. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do diesel hoje é de 2%, ou seja, dentro dos limites que a Petrobras costuma absorver. Por fim, não há certeza ainda de como será a política de preços da Estatal. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse na última semana que o PPI é uma "abstração", e que serão levados em consideração outros fatores para definir os preços dos combustíveis.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna