O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Poucos dias após a empresa ter falência decretada na Justiça, a coluna visitou a unidade da Livraria Cultura no shopping Bourbon Country, em Porto Alegre. A operação é uma das duas ainda em funcionamento, junto com a emblemática loja da Avenida Paulista, em São Paulo. No final de semana, clientes curiosos foram em peso revisitar o espaço que já foi bastante importante na cena da cultura local, recebendo lançamentos de livro, shows e sessões de autógrafos. O que encontraram foram já algumas prateleiras vazias, e outras sendo esvaziadas por editoras parceiras.
De acordo com o presidente da Câmara do Livro do Rio Grande do Sul, Maximiliano Ledur, a Cultura subloca espaços dentro das livrarias para as editoras de livros, em um modelo de parceria. Agora, em meio à incertezas, algumas já estão retirando seus produtos do local. Os livreiros estão dizendo que, caso haja reversão do caso, os livros podem voltar às prateleiras. Os discos de vinil, que ficavam em uma área próxima, no primeiro piso, também já não estavam lá. Apesar disso, grande parte do espaço ainda está cheia, como a dos CDs e DVDs.
— A Cultura já vem adotando parcerias em Porto Alegre e São Paulo, dividindo custos de aluguel com parceiros, e estava funcionando muito bem. Aqui em Porto Alegre são cinco parceiros. Alguns já retiraram seus materiais — disse Ledur, que também é dono da editoria AGE, uma das parceiras da Cultura. Eles têm contrato de parceria até o dia 15. Depois, também retirarão os livros.
Subindo as escadas, chegamos no andar onde fica o auditório. Lá, as prateleiras estão ainda mais vazias. A sessão de livros de Direito e de investimento estão desertas. No andar, porém, nenhuma editora estava empacotando os produtos, o que demonstra que a retirada já tinha acontecido.
— É uma pena. Uma livraria que foi, e acredito ser ainda, uma referência, estar nesse imbróglio. Porém, o mercado muda muito rápido e o movimento feito pelas grande livrarias foi lento. O formato que a Cultura vinha adotando estava se mostrando muito eficiente, pois a grande briga de preços com as ".com" estava sendo vencida com "experiência do cliente" e até preços mais competitivos. Espero que a Livraria Cultura consiga reverter esse quadro — lamentou o presidente Ledur.
À coluna, a empresa enviou uma nota na sexta-feira (10) dizendo que recebeu a informação da falência com "grande surpresa":
"Nesse momento iremos analisar a decisão do juiz, mas pretendemos recorrer, pois entendemos que há soluções mais apropriadas à empresa, buscando sua recuperação, que não a falência", disse. Também confirmou que as operações físicas e o site "mantém-se normalmente em funcionamento".
Lojas dentro da livraria
Dentro da livraria, há outras duas operações. Uma é da Ilusões Industriais, que vende produtos "geek", como cartas, brinquedos e livros de jogos e séries. A coluna viu que produtos estavam sendo retirados. Procurada, a empresa não quis se manifestar. Há, também, um café da marca Chocólatras. O anúncio que estavam fazendo no local é que a unidade começaria a ser esvaziada nesta semana, com a retirada dos equipamentos. A coluna tentou contato com o Chocólatras até a publicação da matéria.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna