O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Os primeiros impactos na estrutura de trabalhadores da Americanas já começam a aparecer. De acordo com a União Geral dos Trabalhadores, a empresa encerrou o contrato com 50 funcionários terceirizados na área de tecnologia no Rio de Janeiro, em São Paulo e também em Porto Alegre. O número foi confirmado pela coluna com o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio da capital gaúcha, Nilton Neco, que também já recebeu um outro relato pontual de demissão.
— Era um trabalhador ligado à Americanas há pelo menos três anos. Esse foi o primeiro relato que recebemos de demissão, além dos terceirizados, e o motivo que a empresa deu a ele foi a crise. Nossa equipe já foi acionada para checar se não há mais casos na cidade — disse Neco.
Em nota, a Americanas confirmou que interrompeu contrato com terceirizados, mas negou que iniciou um processo de demissão de funcionários. Ou seja, os casos ainda são pontuais. "A Americanas atua nesse momento na condução de seu processo de Recuperação Judicial, cujo um dos objetivos é garantir a continuidade das atividades da empresa, incluindo o pagamento dos salários e benefícios de seus funcionários em dia", diz parte do comunicado.
De acordo com o presidente da Comissão Especial de Falências e Recuperação Judicial da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul (OAB/RS), Roberto Monlleo Martins da Silva, uma reestruturação de funcionários com o processo de recuperação judicial é "inevitável". A própria empresa, em comunicado interno aos funcionários ao qual a coluna teve acesso, diz que, em casos como esse, " é comum que haja reestruturação".
A questão que paira agora é sobre qual será o tamanho dessa reestruturação, e como ela será feita. Os dirigentes sindicais querem reunião com a alta cúpula da empresa para poder traçar os próximos passos. Também pediram o bloqueio dos bens dos acionistas de referência para cobrir possíveis valores rescisórios.
Além disso, é importante pontuar que, como a varejista deu entrada no processo de recuperação judicial antes de fazer demissão em massa de funcionários, os passivos trabalhistas gerados agora não entrarão no plano de reestruturação. Isso porque a recuperação judicial considera dívidas até o dia do pedido ser aceito. Essa informação, aliás, já está sendo repassada para as centrais sindicais.
— O representante sindical da empresa falou que trabalhadores demitidos antes do dia 19 terão as verbas rescisórias habilitadas junto ao processo de recuperação judicial. Já os funcionários demitidos depois desse dia vão receber as verbas rescisórias integrais, por não fazerem parte da recuperação judicial.
Encontro com lojistas
O Sindicato dos Empregados no Comércio terá um encontro nesta quarta-feira (1) com o Sindicato de Lojistas de Porto Alegre. O principal motivo da reunião, de acordo com Neco, é tentar encontrar uma maneira para mitigar possíveis demissões. Uma das propostas que será levantada é realizar algum movimento ou plataforma para que lojistas com vagas de emprego abertas possam divulgar as oportunidades aos
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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