Apesar de desafios semelhantes, como inflação e juro altos, o varejo dos Estados Unidos tem peculiaridades diferentes do setor no Brasil. Confira entrevista com o presidente da Associação Brasileira dos Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai, durante a 113ª NRF, feira de varejo aqui em Nova York.
A inflação dos Estados Unidos fechou 2022 em 6,5%, um pouco maior do que a do Brasil. Como afeta o shopping?
O varejo tem um tripé fundamental, que é juro, crédito e inflação, que impacta na renda do consumidor que, evidentemente, faz com que ele compre ou não. Historicamente, o Brasil sofre com uma montanha-russa, ora o crédito está bom, ora está ruim, o juro está alto, não está. O brasileiro aprendeu a conviver. O varejo pratica políticas junto aos consumidores para acomodar o tripé. A expectativa para 2023 no Brasil, infelizmente, ainda é de uma concessão de crédito moderada. Não vemos o juro cair abaixo de 12%, o que é ruim. A inflação voltará para 4,5%, 5%, que estamos acostumados. Não vemos 2023 com muito otimismo, mas está longe de ser um pessimismo. É uma reconstrução ainda.
A tensão política no Brasil afeta consumo?
O ponto de consumo no Brasil está muito mais ligado à renda. Se ela melhora, tem mais crédito, o juro cai, o consumidor tem segurança no trabalho, as vendas vêm, mesmo com tensão política. Agora, se você casa uma instabilidade nessa área com dificuldade econômica, temos um resultado ruim. Acho que a tendência é o Brasil voltar ao que sempre foi: um país tranquilo.
Os Estados Unidos têm muita diferença?
São muito grandes. Os Estados Unidos são um país fundado no varejo, vive do varejo. As pessoas são acostumadas desde pequenas a consumir serviços e produtos que, no Brasil, fazemos em casa: lavanderia, almoço, café da manhã. Qualquer movimento nos Estados Unidos que afete a renda do trabalhador é muito mais impactante. No Brasil, existe parcelamento em 10 vezes, coisa que os Estados Unidos não têm.
Ouça a entrevista na íntegra:
* A coluna viajou a Nova York a convite de Sindilojas Porto Alegre, CDL POA e FFX Group
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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