Um temor econômico para 2023 é uma recessão nos Estados Unidos. Por ser a maior economia do mundo, esses efeitos se espalham e, junto com o desempenho negativo na Europa com a guerra, podem provocar um recuo global. As apostas, porém, ainda não cravam que isso ocorrerá. Aqui na 113º NRF, feira em Nova York, o economia-chefe da Federal Retail Federation (federação do varejo norte-americano), Jack Kleinhenz, vê desafios para o ano, mas não aposta em recessão ainda. Segundo ele, o consumo está forte. O dado consolidado das vendas de Natal está sendo fechado, mas deve trazer crescimento de 6% a 8%.
- Tenho muitas dúvidas. Teremos recessão, mas quando? Não sabemos se neste ou no próximo ano. Os ciclos se repetem e ocorrerem recessões é normal - diz ele.
Para Kleinhenz, a chave está no mercado de trabalho. O atual alto índice de emprego nos Estados Unidos diminui o risco de que ela ocorra agora.
- Se você se sente seguro com seu emprego, consome. E vejo que não há insegurança neste ponto para 96% da população - refere-se a uma pesquisa sobre o assunto.
Sarah Wolfe, economista do Morgan Stanley, projeta que a inflação dos Estados Unidos recue para 3% em 2023, o que será o ponto para o Federal Reserve (banco central norte-americano) cortar o juro e, isso, aliviaria a economia. A taxa foi elevada ao longo de 2022, ano em que a inflação aqui bateu o maior patamar em 40 anos. Após desacelerar nos últimos meses, fechou o acumulado anual em 6,5%, o que ainda é um patamar bastante alto para uma economia madura.
- Serviços e bens têm comportamentos bem diferentes. Serviços estão com demanda alta. As famílias gastaram menos em presentes, mais em férias - comentou Sarah, lembrando que 65% dos gastos dos norte-americanos são em serviços.
A economista projeta um impacto maior no primeiro semestre no consumo e, no segundo, nos investimentos das empresas.
* A coluna viajou a Nova York a convite de Sindilojas Porto Alegre, CDL POA e FFX Group
Leia aqui as colunas sobre NRF
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna