Economista de formação, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, respondeu a perguntas da coluna sobre reações de investidores e uma nova âncora fiscal para o país, durante entrevista ao Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha:
O que acha das oscilações da bolsa e do dólar após as declarações dos novos ministros?
Acho absolutamente precipitadas. Estamos saindo de um período de quatro anos de absoluto desgoverno. A sensação é de que o país ficou paralisado todos esses anos. Não temos planejamento, programas de educação, de infraestrutura, de saúde. Nós vamos buscar ouvir esse país e reconstruí-lo. Quando falamos de mercado, temos aqueles que estão no mercado de capitais de curto prazo, que buscam ganhos máximos por especulação, para quem é bom, às vezes, estimular o ruído porque ganham muito dinheiro nessa subida e descida. Temos que caminhar para estimular, dar segurança jurídica, previsibilidade para atrair investimentos de longo prazo, inclusive fundos de investimentos internacionais que venham para ficar, investir em infraestrutura, projetos, empresas, gerar empregos. Esse é o capital que nos interessa muito atrair.
O presidente Lula disse que o teto de gastos é uma estupidez, mas ministros têm dito que haverá responsabilidade com as contas públicas e que terá uma nova âncora fiscal. Como ela será e quando será implementada?
Há vários modelos de gestão pública que não necessariamente se precisa ficar preso a dogmas para governar bem e dar eficiência. Governei por oito anos a Bahia, demos valor igual ou maior ao conceito de total de gastos, com prioridade à qualidade do gasto público, que eu reputo tão ou mais importante do que o teto. Vou dar o exemplo. Duas famílias que têm filhos planejam usar algum recurso que sobrou ou quer fazer um empréstimo. Uma vai fazer o empréstimo para comprar uma televisão de cem polegadas, mas é maior do que a capacidade de pagamento. No mês seguinte, não conseguem pagar a prestação, vão para o cheque especial. A outra família vai lá e monta um negócio ou compra um trator para melhorar sua colheita. Vai no banco, faz financiamento, um projeto certinho e começa a produzir. As duas se endividaram, só que uma foi para melhorar a renda e a outra ficou endividada e paga juro alto. Pode ser o mesmo gasto, mas com qualidade absolutamente diferente. Na gestão pública, para se buscar eficiência e garantir que vai melhorar a vida das pessoas, tem que olhar a qualidade do gasto público. Vamos buscar dar eficiência e olhar com cuidado os investimentos para gastar naquilo que vá gerar emprego, cuidar de gente, ou seja, uma escola, uma creche, uma ponte, uma estrada, um porto, um aeroporto, o que é fundamental para o desenvolvimento do país. Amplia as possibilidades da economia e com isso, no futuro, ajuda a aumentar a arrecadação de Estado, municípios e da União. Evidentemente, cuidar que as despesas se enquadrem dentro da possibilidade orçamentária.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna