Encerrada a quinta cobertura da feira anual de varejo NRF, em Nova York, a coluna sente que esta edição foi a mais pé no chão. Não que falar de metaverso e outras coisas disruptivas não seja importante e interessante, mas eventualmente também é necessário um resgate do básico e da essência, para grandes e pequenos empreendedores. Confira cinco destaques da 113ª edição do evento, que teve 35 mil inscritos, sendo 2,2 mil brasileiros:
- Macroeconomia: nunca foi dada tanta ênfase à conjuntura econômica. Inflação e juro altos apareceram em praticamente todos os discursos dos grandes CEOs. O risco de recessão nos Estados Unidos e na Europa, impulsionado pela guerra, está nas projeções. O mercado de trabalho com falta de mão de obra, ajustes na cadeia de suprimentos para evitar falta de insumos, estratégias na logística mundial para driblar a alta dos fretes e a transição para energias renováveis sofisticaram o debate. Ter clareza do cenário econômico não é ser pessimista, mas ser realista, essencial para um bom planejamento.
- Policrise: o mundo vive uma pandemia, uma guerra e uma crise climáticas. Painelistas chamados de futuristas alertam que as crises são cíclicas, viveremos outras, portanto. O pedido é que o aprendizado não se perca, que a musculatura criada ao nadar contra a correnteza seja mantida pelos empresários.
- Comunidade: linda de ver a preocupação com a comunidade nos discursos, à espera de que chegue na prática com força também. Comprar de fornecedores locais, fazer ações de melhoria na região onde atua, conexão com os clientes no entorno melhora o negócio e melhora o mundo. CEO da gigante de meio de pagamentos Stone, Augusto Lins disse à coluna que foi à NRF para observar o que estava se falando exatamente sobre comunidade, sobre o hiperlocalismo dos negócios.
- Loja física: chegaram a dizer que ela morreria, até mesmo em edições anteriores da NRF. Isso não aconteceu e hoje ela é a menina dos olhos. Muito conteúdo da feira foi direcionado para fortalecê-la, colocando atrativos, serviços e lazer na loja para atrais os clientes. Ela é o ponto de conexão, dando segurança para o consumidor online e reforçando a marca. Dados mostram que a venda pela internet de uma empresa aumenta em até 40% na região onde ela abre uma loja tradicional. Representante do Sebrae-RS, Fabiano Zortéa comemorou que o evento voltou a falar do que ele chamou de "varejo raiz".
- Produtos duráveis e revenda de usados: nada como uma crise econômica para potencializar atitudades em favor do meio ambiente. Após a era do descartável, cresce o apelo para produtos duráveis, de moda a eletrônicos. O fast fashion e o celular que fica obsoleto em seis meses recebem olhares de reprovação. Produtos bons e duráveis são a prioridade da gaúcha Maria Anselmi, fabricante e varejista de malhas de Farroupilha que foi à NRF novamente e que defende a cobrança de um preço justo ao consumidor. Além disso, a recompra e revenda de usados aparece já nas ruas, com lojas inteiras para isso ou espaços específicos em redes de varejo tradicionais com mais de um século de mercado.
* A coluna viajou a Nova York a convite de Sindilojas Porto Alegre, CDL POA e FFX Group
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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