Se depender das empresas ligadas a maquinários agrícolas, o futuro das fazendas terá muita tecnologia. É a aposta para aumentar a produtividade, uma demanda forte do produtor, e a sustentabilidade, exigida cada vez mais pelo mercado. Grandes companhias, como a CNH Industrial e a John Deere, já trabalham para desenvolver máquinas com inteligência artificial, autonomia para funcionar sem operadores e com capacidade para plantar com bastante precisão. Para elas emplacarem de vez, porém, é preciso superar alguns desafios, como a conexão de internet no campo e a formação de mão de obra qualificada para lidar. A coluna conversou sobre esses assuntos com o gaúcho Gregory Riordan, gerente de tecnologias digitais da CNH Industrial na América Latina, durante um evento da empresa em Phoenix, nos Estados Unidos. Confira trechos abaixo.
Vimos várias novas tecnologias no evento, mas ainda há desafios a serem superados, como a conectividade no campo. Elas são viáveis para as fazendas brasileiras?
Acho que todas são bastante viáveis. O Brasil tem alguns dos melhores produtores do mundo, inclusive no uso de tecnologia, e são os desafios que fazem a gente achar soluções. Hoje a gente tem uma deficiência de conectividade. Menos de 20% do campo brasileiro tem uma conectividade de qualidade. Mas temos projetos que buscam solucionar isso, como o Conecta Agro (associação de várias empresas do setor para acelerar o acesso à internet no campo). A gente, que vende máquinas com conectividade, é interessado e participante no projeto para expandir o acesso. Mas todas essas tecnologias são aplicáveis no Brasil, principalmente da coleta e interpretação dos dados pra tomada de decisão.
Quando vocês conversam com os produtores brasileiros, quais são as principais demandas?
São demandas globais. O produtor de hoje compete em um mercado internacional. Então, sempre busca por eficiência e por ser mais competitivo. Redução de custos, aumento de produtividade e aumento da eficiência daquilo que se investe são questões-chave. Como também as pessoas têm se preocupado muito com o que comem, outra demanda é por rastreabilidade. O sensoriamento e a conectividade também tem muito a ver com isso. E um outro ponto é a demanda por mão de obra qualificada para operar as máquinas. Está cada vez mais difícil. Então, a automação das máquinas permite, inclusive, que operadores menos qualificados possam realizar um excelente trabalho, e se qualificar.
Um outro desafio no Brasil é colocar o jovem no campo. Aproximar a tecnologia das fazendas pode ajudar?
Sem dúvida. No evento, a gente viu um jovem produtor do Canadá, de 35 anos, que vem faz parte da sucessão na fazenda. E é um produtor que olha muito para tecnologia, incorporando-a na operação agrícola. E essa questão da utilização da tecnologia acaba ajudando, inclusive, na retenção da mão de obra dele na fazenda, porque os funcionários entendem que não estão fazendo uma coisa simplesmente operacional, mas estão aprendendo, porque tem uma inteligência tecnológica envolvida.
Tem alguma peculiaridade ou demanda específica por tecnologia no campo dos produtores gaúchos?
O Rio Grande do Sul se caracteriza por ser, de certa forma, o berço da agricultura no Brasil e já ter, hoje, áreas bastante desenvolvidas, produtivas. Hoje, dentro dessa busca por competitividade, tem que buscar um salto para se desenvolver mais. E a resposta está na digitalização, na agricultura de precisão. E a agricultura do Rio Grande do Sul, como já está bem consolidada, está pronta para dar o próximo salto. Para receber essas tecnologias, para aplicar cultura de precisão. O tamanho das áreas e o tipo de máquina usada também favorecem isso.
*A coluna viajou a Phoenix a convite da CNH Industrial.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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