Tecnologia para aumentar a produtividade e a sustentabilidade no campo. Esse foi o grande foco do Tech Day, evento que a gigante de maquinário agrícola e de construção CNH Industrial promoveu em Phoenix, nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (8). Durante cerca de 10 horas, a coluna conheceu vários projetos da companhia para o futuro das fazendas. Entre os destaques estão tratores movidos a combustíveis renováveis, máquinas que andam sozinhas, sem operadores, e investimentos fortes em precisão na plantação, para evitar desperdício.
- Estamos falando de um planeta com oito bilhões de habitantes. Precisamos ter esperteza e usar a tecnologia para fazer com que a agricultura consiga alimentar todas essas pessoas. Afinal, estamos lidando com recursos finitos - falou, na abertura do evento, o CEO da CNH Industrial, Scott Wine.
O anúncio que gerou mais entusiasmo foi um novo trator de utilidades da New Holland movido completamente de energia elétrica. É o primeiro da empresa, que já trabalha com alguns híbridos e também com outros que recebem tipos de combustíveis renováveis. O protótipo apresentado tem capacidade de andar por até oito horas. Para carregar, são outras oito horas, mas que podem ser bem reduzidas caso haja carregadores especiais de alta potência.
A coluna pôde testar o equipamento. Algo que chama atenção logo de cara é o barulho quase inexistente, principalmente se comparado com os movidos à diesel. Outro destaque é a potência, semelhante aos veículos de combustão. A expectativa da empresa é seguir testando o equipamento em 2023, e preparar para fazer a entrada no mercado nos próximos dois anos.
Além do com energia elétrica, a empresa apresentou novidades de tratores movidos com metano, para equipamentos mais pesados. De acordo com Oscar Baroncelli, gerente de produto de tratores da New Holland Agricultura, a ideia de usar o metano como combustível surgiu porque é um gás de mais fácil acesso no campo, já que é produzido, por exemplo, da decomposição de matéria orgânica e da digestão de alguns animais herbívoros, como vacas.
Outro destaque do evento foram as várias máquinas que conseguem operar pelo campo sem ninguém as dirigindo (veja no vídeo abaixo). É a automação dos equipamentos, algo que já vem sendo discutido a algum tempo na indústria e também na agricultura, e que ganhou bastante tração nos últimos quatro anos. A coluna pôde ver máquinas que fazem preparo do solo, colheita e aplicação de químicos, todas andando pelos campos sem ninguém as operando. Para isso, são usadas tecnologias como sensores instalados nos veículos, câmeras e também conexão com tablets que funcionam como controle para os veículos.
Também se falou muito sobre precisão para plantação, principalmente afim de evitar desperdícios. Um dos exemplos que mais chamou a atenção da coluna foi na parte da aplicação de químicos no solo. Uma tecnologia criada pela empresa permite que seja feito um mapeamento do terreno, mostrando em que partes da plantação o químico deve ser aplicado. Assim, a máquina sai para o campo já sabendo em que lugar aplicar e com qual intensidade. Além disso, ela identifica onde já foi aplicado e não refaz a aplicação. É uma alternativa interessante, principalmente quando se discute uma crise global de fertilizantes por conta da guerra no leste europeu.
Desafios
Apesar das principais tecnologias já estarem previstas para os próximos anos, ainda há vários desafios a serem superados para emplacar essas tecnologias no campo. Um dos principais deles diz respeito a conectividade. No Brasil, por exemplo, ainda é difícil ter boa conexão de internet em fazendas mais remotas.
- Hoje a gente tem uma deficiência de conectividade no campo. Menos de 20% do campo brasileiro tem uma conectividade de qualidade. Mas temos projetos que buscam solucionar isso, como o Conecta Agro (associação de várias empresas do setor para acelerar o acesso à internet no campo). A gente, que vende máquinas com conectividade, é interessado e participante no projeto para expandir o acesso. Mas todas essas tecnologias são aplicáveis no Brasil - diz Gregory Riordan, diretor de tecnologia digital da CNH Industrial na América Latina.
Além disso, também tem uma questão que envolve mão de obra. Como as novas tecnologias requerem funções que vão de análise de dados à engenharia de softwares, elas necessitam de qualificação. Empresas, inclusive, têm estudado maneiras de qualificar os atuais empregados das fazendas através dessas novas tecnologias.
Apesar desses desafios, a aposta em tecnologia de precisão tem sido grande. A empresa espera ter um faturamento, apenas desse segmento, de US$ 1 bilhão no ano que vem. Para este ano que termina agora, o objetivo é alcançar US$ 900 milhões. Essa aposta pode ser demonstrada também em uma aquisição recente feita pela CNH Industrial da Raven, uma empresa estadunidense de tecnologia de precisão. A negociação passou dos US$ 2 bilhões.
*A coluna viajou a Phoenix a convite da CNH Industrial.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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