O silêncio ensurdecedor do presidente Jair Bolsonaro sobre o resultado da eleição será pior para o mercado financeiro do que uma eventual demora de Lula para sinalizar quem formará a sua equipe econômica. Isso sem falar no impacto no cenário institucional do país. Nem os filhos, Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro, também não fizeram manifestação pública verbal nem pelas redes sociais.
A expectativa é que Bolsonaro reconheça a derrota, respeitando o resultado das urnas. Uma contestação do processo eleitoral desestabiliza o cenário político, gera insegurança e, claro, impacto econômico fortíssimo. Por meses, o presidente criticou urnas e fez ameaças neste sentido. Na semana passada, quando o mercado financeiro já "precificava" uma vitória de Lula, circulava o receio de um "terceiro turno", dito por alguns como um eufemismo para golpe. A incerteza forte de uma eleição apertada e agressiva se arrasta.
A partir da metade da semana, porém, em três situações, Bolsonaro parou com os ataques, o que amenizou (um pouco) o receio, que agora voltou a crescer. No Palácio da Alvorada, na quarta-feira, falou: “As eleições se decidem no voto, e aquele que tiver mais votos dentro da urna deve assumir aquele cargo na data adequada”. Na sexta, em entrevista após o debate da Globo TV, reafirmou: “Não há a menor dúvida: quem tiver mais votos leva”. Para fechar, no sábado, disse: "Quem fizer mais leva (se referindo aos votos), igual ao Flamengo, que fez mais gols e levou".
À noite passada, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, disse ter conversado com os dois candidatos. Segundo ele, Bolsonaro o atendeu com educação. Para o presidente do TSE, também não há risco real de contestação do resultado.
Que o presidente se manifeste logo, e de forma pacífica. As falas anteriores ficam inócuas sem o referendo pós-resultado. Os ânimos seguem acirrados, os bolsonaristas aguardam essa sinalização para seguir com a vida, com a economia. Caso contrário, teremos de receio de investidores até mais mobilizações nas ruas, que podem ficar violentas. Em um país dividido, que a democracia seja aceita pela maioria (o melhor seria por todos).
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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