Da "caça" a motoristas em falta à imprevisibilidade para montar o orçamento, os desafios do agronegócio europeu (e da economia como um todo) foram amplamente debatidos em um painel especial aqui Sial Paris, maior feira de alimentos da região. Autoridades do setor primário, da indústria de alimentos, políticos e profissionais de regulação citaram as dificuldades e possíveis caminhos para soluções.
A inflação, como estão dizendo, é o "buzz" do evento. O índice acima de 10% é recorde para a Europa, mas as empresas acham que a alta de preços não se resolverá em breve e que continuará em 2023. "As empresas ficam frágeis", disse Dominique Chargé, presidente da Cooperação Agrícola da França. O custo da energia foi multiplicado por 2,5 vezes devido à guerra no leste.
- Não sabem bem como fazer, como organizar o orçamento. Há uma lacuna na visão de futuro. Como será em quatro meses? Queremos que as autoridades no deem uma ideia de quão alto é esse muro para que possamos olhar por cima dele. Queremos trabalhar com previsibilidade.
O poder público tem sido bastante provocado, inclusive para que o governo liberal de Emmanuel Macron faça intervenções. O entendimento é de que são necessárias reservas para diminuir a exposição e a dependência econômica, além do que entende-se que alguns aumentos não se justificam, como o dos fertilizantes, que, segundo citado no painel principal, triplicou de preços.
- A crise está ali. Podemos senti-la. Temos que enfrentar. Hoje, tem paralisação no trem. Todo mundo está caçando motoristas - disse Katia Merten-Lentz, do Conselho da Ordem dos Advogados de Paris. O país tem enfrentado greve de petroleiros, falta de combustíveis, protestos contra inflação e paralisação parcial no transporte público.
Porém, a transição energética nas empresas é consenso. Os debatedores enfatizam que é um trabalho difícil, custará bilhões de euros, leva tempo, mas é prioritário. Isso tirará a dependência europeia do gás russo. As mudanças climáticas também têm seu espaço na discussão. O agro europeu sente falta e excesso de chuva assim como o do Brasil. Por um lado, não são o tópico inicial do debate, mas estão também muito ligadas à transição energética, que reduz o consumo de combustíveis fósseis.
* A coluna viajou a Paris a convite da Fiergs. Leiam em Sial Paris tudo sobre a cobertura do evento.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna
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