Como alimentar a população mundial que chegará 10 bilhões de pessoas em 2050 foi o foco dos discursos das autoridades na abertura da Sial Paris, maior feira de alimentos da Europa e que está sendo realizada aqui na França pela primeira vez desde 2018. O presidente do evento, Nicolas Trentesaux, entende que será preciso duplicar a produção mundial de alimentos. Neste cenário, está provocando empresas a buscarem soluções e inovarem.
- Queremos ser uma ponte, não um muro. E o que o consumidor quer? Quer comida mais fresca, mais simples, menos processada. Teremos uma transição alimentar, soluções precisam ser inventadas - disse o executivo.
Trentesaux cita a mudança no comportamento do consumidor que busca produtos mais sustentáveis, o que é mais evidente aqui na Europa, claro, pelo poder aquisitivo e maturidade econômica. Agora, um desafio global e que tem sido tratado aqui é a acessibilidade dos alimentos, ou seja, preços ao alcance de toda a população. Com alta demanda, aumento de custos e a guerra afetando a produção da Ucrânia e da Rússia, a inflação atinge recorde na Europa. O principal motivo é o aumento na energia, o que se espalha por todos os preços praticamente.
Também na solenidade, o ministro da Agricultura e da Soberania Alimentar na França, Marc Fesneau, engrossou o coro sobre necessidade de maior produção de alimentos. Não é que faltará comida na Europa, mas pode ter escassez em outros lugares. Agora, os preços, esses sim subirão.
- E precisamos produzir melhor. Há novas expectativas da população para a comida, o bem-estar animal, o uso de aditivos, a qualidade e o sabor dos produtos. Redescobrimos a comida como um tópico essencial. Pode ser uma arma de guerra. E não é uma meta francesa, é um desafio global, como o da energia. Precisamos reduzir o ritmo da mudança climática - enfatizou o ministro.
Os discursos das autoridades europeias sobre a sustentabilidade na produção de alimentos, com responsabilidade ambiental e social, não são aceitos pacificamente. Representantes e empresários de outros países, inclusive do Brasil, rebatem, argumentando que as restrições colocadas sob esse argumento escondem protecionismo econômico. Independentemente disso, esse é o tom da feira, que a coluna seguirá cobrindo ao longo da próxima semana. Como produzir o dobro de alimentos, que sejam sustentáveis e com preços acessíveis à população? É desafio e oportunidade para o Brasil, depende de como o país se posicionar.
* A coluna viajou a Paris a convite da Fiergs.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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