Com novos aumentos engatilhados para a bomba, o diesel é um grande pepino do momento. Líderes de alguns setores bastante afetados até têm reclamado pouco, pois entendem que afetaria a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, apesar de o desafio ser mundial. Mas, no bastidor, a situação preocupa bastante a cadeia econômica, que é movida pelo combustível.
Distribuidoras avisam postos de combustíveis de que está sendo repassado agora um reajuste que varia de R$ 0,05 a R$ 0,10. O motivo apontado é a alta de preços no Exterior. Diferente da gasolina, a oferta do diesel está menor, enquanto a demanda aumenta, assim como a perspectiva de consumo.
Os Estados Unidos são grandes fornecedores. O Brasil importa 30% do que consome. Enquanto isso, o cenário de um futuro próximo é que países como os da Europa vão precisar muito de diesel por que ele substitui o gás, o qual teve fornecimento cortado pela Rússia como retaliação às sanções pela invasão da Ucrânia.
Mas por que o Brasil não produz mais diesel para não importarmos tanto? O químico industrial Marcelo Gauto informa que não há capacidade de refino:
- Já operamos na capacidade máxima. As pessoas podem pensar, então, que construir mais refinarias resolveria o problema, mas não é tão simples assim. Uma refinaria produz, além do diesel, outros derivados, como gasolina e nafta. Então, teria que existir demanda para todos para justificar uma unidade nova. Fazendo um comparativo, se você quiser mais filé mignon, terá que abater uma maior quantidade de gado, o que acaba por produzir outros cortes de carne, alguns não muito nobres, influenciando os preços do conjunto.
Ou seja, pode não ter viabilidade econômica construir refinaria pela demanda de diesel. Outra ponderação de Gauto é sobre a transição energética, enquanto se trabalha para trocar a frota para veículos com energia renovável, o investimento alto em refino é ainda mais delicado.
Para a Petrobras reduzir preços de diesel na refinaria, o petróleo terá que seguir caindo com força. Até conseguiu fazê-lo recentemente. A média do diesel está em R$ 6,77 no Rio Grande do Sul, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP) , mas chegou a bater R$ 7,40 em junho. Mas para o consumidor, ele segue mais alto do que o da gasolina, que caiu agora para uma média de R$ 4,99, o que sinaliza o desajuste de preços no mercado de combustíveis. O diesel não teve redução de tributos como a gasolina porque já tinha alíquotas menores, Além disso, o mercado mundial de gasolina não está em descompasso.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.