A redução feita pela Petrobras no preço da gasolina foi forte e deve levar a média do combustível no Rio Grande do Sul para menos de R$ 5. Além do corte, o etanol que entra na mistura teve queda forte nas usinas. A redução dos tributos federais e estaduais chegou ao consumidor nos meses anteriores. Agora, é pela queda do petróleo no Exterior, como reflexo do receio com a recessão global. Mas como ficará quando voltarem os impostos federais que foram zerados só até o final do ano? E por que o diesel não cai também? Qual a perspectiva para o gás natural veicular (GNV), que está perdendo a vantagem em relação à gasolina? Foram assuntos da entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal'Aqua. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna:
Por que o preço do diesel não cai também?
É bem complexo. Importamos quase 30% do diesel, que está com oferta menor no mundo. O conflito entre Rússia e Ucrânia provocou uma disputa pelo combustível por parte dos europeus, que estão comprando dos Estados Unidos, um grande fornecedor global. O Brasil tem que entrar nessa competição. Além disso, a gasolina caiu porque houve redução de impostos federais e de ICMS. Só que o PIS/Cofins do diesel já estava zerado e o ICMS já era menor, de 12%. Também tem os 10% de biodiesel, que está R$ 6, elevado.
A demanda por diesel vai aumentar no inverno europeu porque a Rússia cortou o fornecimento de gás como retaliação. O diesel vai subir mais ou tem solução?
Lá, se usa também muito carro, no aquecimento de casas, na indústria... Os países estão estocando diesel com medo de falta. É um cenário turbulento enquanto a guerra não se apazigue.
Os impostos federais da gasolina estão zerados até o final do ano. Teremos aumento em 2023?
É difícil prever. Hoje, o imposto federal representaria R$ 0,70, mas vai depender de como estará o barril do petróleo e o dólar. O reflexo pode ser diferente. O pessoal comprou veículos a diesel e está reavaliando porque a gasolina está mais barata. Mas se mudar daqui a três meses? Como fica o planejamento dos negócios? Eu não consigo trazer um cenário claro.
Como está a competitividade do GNV em relação à gasolina?
A venda de GNV caiu 40% por esse descasamento. Quem tem carro a gás está abastecendo com gasolina. A Sulgás, Compass hoje, tem negócios contratados a longo prazo. É um modelo de precificação diferente do que o da Petrobras faz com as distribuidoras de líquidos de fóssil. A revenda tem pedido à Sulgás um movimento emergencial para que o segmento não se desestruture. O consumidor faz seus cálculos. Não estímulo para instalar os cilindros no carro.
Há uma associação da redução da gasolina ao período eleitoral. No caso dos tributos, até existe relação. Mas os cortes feitos pela Petrobras se devem à queda internacional do petróleo. Cálculos paralelos referendam isso?
Sim. Há um cálculo de arbitragem composto por vários itens, que apontava, sim, que a gasolina tinha essa margem de corte. O mercado já esperava. A Petrobras vai calibrando quanto repassar. Se não fizer o ajuste, desestimula o mercado. Não houve movimentação política, foi de mercado.
Ouça a entrevista completa:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna
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