A fábrica de aviões e o centro tecnológico da Aeromot em Guaíba têm início de operação previsto para 2025. A projeção é feita a partir da assinatura da cessão onerosa do terreno no distrito industrial com o governo do Estado, o que ocorreu nesta quinta-feira (22), em solenidade no Palácio Piratini. O próximo passo é entrar com o pedido das licenças ambientais na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Com elas, é possível dar início às obras.
- Já foi feito o estudo prévio. Agora, é buscar as licenças - diz o CEO Guilherme Cunha.
A área é conhecida como parte do terreno que foi destinado à montadora Ford para um investimento que não ocorreu. Então, a cessão onerosa foi um dispositivo criado pela Secretarial Estadual de Desenvolvimento Econômico com a Procuradoria Geral do Estado para evitar o que aconteceu com outras empresas, incluindo a Foton, que anunciou uma montadora de caminhões, mas não construiu. Pagando cerca de R$ 5 mil por mês, a Aeromot terá um ano para fazer parte do investimento e obter o licenciamento. Somente depois disso, poderá adquirir e ter a posse do terreno. O prazo pode ser prorrogado por um ano ou até antecipado, no caso de os gatilhos serem atingidos antes, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Joel Maraschin.
O protocolo de intenções havia sido assinado em junho. Agora, foi a vez do contrato da cessão onerosa e do lançamento da pedra fundamental. Empreendedores e governantes envolvidos dizem que foi essencial o apoio do governador Ranolfo Vieira Júnior, que atribui o empenho ao fato de que a operação trará desenvolvimento ao Estado, tecnologia nova, R$ 300 milhões em investimentos e 1,3 mil empregos, que são as estimativas apresentadas pela empresa.
- É uma área onde lá atrás seria instalada uma montadora de veículos, o que acabou não se concretizando. Frustrou a sociedade gaúcha. Agora, nós conseguimos reverter o quadro, trazendo uma montadora de aeronaves - disse o governador, referindo-se ao investimento frustrado da Ford.
Costuma-se dizer até que há um sapo enterrado no local. O prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata, pondera, porém, que há outras empresas já instaladas na área, como a Toyota, que nacionaliza os veículos na unidade, sendo a segunda maior geradora de impostos para o município. Sobre a Aeromot, ele projeta a movimentação dos negócios no entorno:
- A cidade já tem uma vocação de bastante tecnologia, temos uma empresa de elevadores. Temos muito caminho para percorrer, mas já temos um "hub" de pequenas empresas que fabricam produtos para tecnologia - acrescenta o prefeito.
O aporte de R$ 300 milhões é inicial, disse o CEO da Aeromot, Guilherme Cunha. O faturamento de largada deve ficar entre R$ 300 milhões a R$ 500 milhões por ano. A aeronave a ser produzida na unidade é a DA62. Há potencial de o empreendimento atingir um investimento de R$ 1 bilhão, com expansão a ser iniciada ainda antes de 2025. Para a escolha do local, que é simbólico na história econômica do Estado, o empresário citou, em especial, o apoio do Estado e vantagens logísticas.
- Estar próximo do aeroporto internacional é importante.
A Aeromot já tem uma unidade em Porto Alegre, onde comercializa a marca austríaca de aeronaves Diamond, que foi comprada por um grupo chinês e será a parceira da nova fábrica. A operação será mantida. Para Guaíba, negociações com outras empresas e para novos produtos já foram iniciadas, mas ainda são confidenciais. Além do avião de entrada na produção, que é de um modelo já existente e movido a combustão, Cunha projeta para o futuro a fabricação de aviões elétricos e a hidrogênio verde.
- Isso é o futuro e nós estamos de olho nele. Estamos começando uma fábrica certificada hoje, que amanhã pode produzir qualquer coisa - acrescentou o CEO.
A estrutura terá uma pista de 1,8 mil metros, que atende a aviação executiva, e hangares. Um centro de pesquisa e desenvolvimento estudará novos materiais, como grafeno. Muitos dos empregos serão para profissionais especializados, que terão de ser formados em parcerias que a Aeromot pretende fechar com instituições de ensino. As aeronaves serão para mercado interno e para exportar à América Latina.
Ouça as entrevistas:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna
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