Atualização: durante a tarde, a coluna também conversou com a direção da empresa. O posicionamento dela foi adicionado no texto.
Indústria de alimento bastante conhecida por suas massas, principalmente as de pastel, a Pavioli, de Canoas, pediu uma segunda recuperação judicial. A empresa já está com um processo em andamento desde 2013 — e aprovado em 2017 —, mas agora solicitou uma nova recuperação, relacionada às novas dívidas acumuladas entre o ano em que ajuizou o primeiro pedido e 2022. O montante da dívida, somando os dois processos, é de R$ 20.831.143,51, para em torno de 700 credores.
— A primeira recuperação judicial comporta todas as dívidas que a empresa tinha até 2013, quando entrou com o processo. Em 2017, o plano de recuperação foi aprovado, e ela vinha conseguindo cumprir o que tinha proposto. Mas aconteceram novas situações, como a crise de covid-19, o que fez com que a Pavioli voltasse a ter dificuldade com o fluxo de caixa — conta Adriana Dusik Angelo, do escritório Crippa Rey Advogados, que está assessorando a indústria durante o processo.
Além dos custos inesperados com a covid-19, a Pavioli também cita no pedido a crise de fornecimento de dióxido de carbono, o CO2. No início deste ano, problemas para fornecer esse insumo geraram aflição em vários setores, como os das bebidas gaseificadas, por exemplo. Esse gás é utilizado em três processos de produção da empresa, para as massas recheadas, frescas e para os pasteizinhos.
— Isso fez com que eles parassem a produção por alguns dias. Com isso, causou desconforto de funcionários, que foram para indústrias concorrentes. Aí, começaram a ter dificuldade de pagar as rescisões, e também o aluguel onde está situada hoje.
Do montante de mais de R$ 20 milhões de dívidas de agora, cerca de R$ 3,7 milhões são de pendências trabalhistas. Já o maior montante, de R$ 14,1 milhões, são para os chamados créditos quirografários, que incluem instituições financeiras.
Durante a tarde, a coluna também conversou com a direção da Pavioli. Eles comentaram que o processo é "um dos instrumentos para estancar o endividamento da empresa e assim não contaminar seu desempenho, conseguindo assumir o compromisso da continuidade do negócio". Também falaram que foi contratado uma consultoria para profissionalizar a gestão, e que já estão sendo tomadas medidas de otimização de produção e de tempo para melhorar o desempenho econômico e financeiro em "curtíssimo espaço de tempo".
A recuperação judicial é um mecanismo para dar um fôlego à empresa para evitar a quebra. Ela substituiu a antiga concordata. Quando ela é autorizada pela Justiça, ações de cobrança, por exemplo, são suspensas, assim como serviços essenciais à operação da empresa não podem ter o fornecimento interrompido, como energia elétrica.
Apesar de não ser comum, Adriana diz que é legal pedir um segundo processo de recuperação judicial. Ela cita como exemplo uma outra empresa gaúcha que também passou pelo curso desse tipo de recuperação gaúcha duas vezes. É o Grupo Ditália, de móveis da Serra. Relembre: Justiça autoriza segunda recuperação judicial de fabricante de móveis da Serra
— O primeiro processo está ativo, mas a lei diz que uma empresa pode valer novamente de uma recuperação judicial se, entre a concessão da primeira e o pedido da segunda, tiver mais de cinco anos. Como a Pavioli teve o processo aprovado em 2017, já tenho o transcurso de mais de cinco anos.
A empresa agora aguarda a decisão da Justiça sobre o deferimento ou não do segundo pedido.
Sobre a Pavioli
A empresa começou como uma pequena pastelaria fundada por Adão e Irene Kulpa em 1957. Em meados de 1968, eles mudaram de nome e passaram a se chamar Pavioli, nome que tem origem da união das palavras pastel e ravióli. Em 1983, se mudaram para Canoas e inauguraram o parque fabril, que fica no mesmo lugar até hoje. Atualmente, tem 89 funcionários.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br) Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.