Gerente de competitividade do Sebrae e um dos organizadores do Fórum Encadear, evento que discute como colocar pequenos negócios na cadeia produtiva e de valor de grandes empresas, Cesar Rissete acredita que hoje, se uma pequena companhia quiser se tornar fornecedora das gigantes dos setores, ela precisa se preocupar com a sustentabilidade. E isso passa, também, pela conscientização dos funcionários. A coluna conversou com o especialista durante a cobertura do evento, em São Paulo. Confira trechos:
O que está sendo discutido aqui nos dois dias?
A gente traz uma estratégia de conexão das micro e pequenas empresas com as grandes e médias. Há muitas oportunidades, mas para aproveitá-las, há necessidade de ser competitivo. A empresa, para entrar na cadeia de valor de uma grande ou média empresa, que em geral está em um mercado dinâmico, precisa ser competitiva. Nesse evento, a gente fala sobre capacitação para as empresas. A gente trabalha sempre com três pilares: competitividade, inovação e sustentabilidade. Esse ano, a gente trouxe muito forte o tema da sustentabilidade. Que é um tema que o mundo está preocupado, que as empresas estão preocupadas, e que os consumidores estão preocupados. Isso tem que entrar na estratégia da empresa.
A Suzano deu uma palestra e falou que busca fazer a descarbonização, mas que precisa que seus fornecedores também a façam. Como uma empresa pequena consegue se colocar competitiva nesse mercado?
Hoje, as empresas não darão conta de seus desafios se não envolverem os pequenos negócios. É um jogo que se discute muito entre as grandes empresas, mas que muitas vezes não chega nos pequenos, e está cada vez mais evidente que precisa romper essa barreira. Toda cadeia de produção precisa ajudar a suprir esse desafio. E o pequeno negócio tem como fazer esse processo de se desafiar, de ter metas de redução de emissão de carbono, de reduzir desperdícios. O simples ajuste de processo em que você reduz o desperdício, você já está diminuindo o número de horas de trabalho, o número de horas de máquina, está reduzindo o consumo de energia, isso repercute na sustentabilidade, repercute em custo da empresa, e melhora o posicionamento. E felizmente, a gente tem visto as tecnologias evoluírem. Muitos pequenos negócios gerando sua energia. Há 15 anos atrás, talvez o investimento não era muito adaptável. O acesso a essas tecnologias para reduzir impacto ambiental estão maiores para micro e pequenas empresas.
As pequenas transformações do dia a dia também são consideradas como iniciativas de impacto ambiental?
Às vezes, se olhar de ponto de vista mais geral, o desafio pode desestimular. Você tem que encarar com pequenos avanços. São pequenas atitudes. Teve uma empresa que, por fornecer fornecer garrafinhas de água aos funcionários, já economizou com copos descartáveis. Mas essas pequenas ações servem para mostrar que é possível fazer em conjunto com os funcionários. O envolvimento do funcionário é fundamental para que as ações de sustentabilidade gerem impacto. Não adianta a empresa ter uma placa solar se está desperdiçando energia no dia a dia. Se a pessoa não desliga uma iluminação artificial quando não está no recinto. Se deixa o ar condicionado ligado, e ele assim fica a noite inteira. Se a pessoa deixa o computador ligado. São atitudes dos funcionários que tem que vir junto com o planejamento de sustentabilidade. São pequenos passos que dão uma grande diferença.
Sobre cadeia de valor. Com crise logística, problema de câmbio, é o momento oportuno para olhar para os fornecedores locais?
Essa percepção temos ouvido bastante. É um reposicionamento global das cadeias de valor. A gente teve a questão da pandemia, tivemos problemas de desabastecimento em alguns países, que foi grave. Parou linhas inteiras de produção. Cada vez mais, o mercado está começando a perceber a necessidade de um fornecedor mais próximo. O Brasil está muito próximo dos Estados Unidos, da Europa. Dois mercados grandes. O Brasil tem vantagens para fazer esse movimento para termos grandes plantas com fornecedores locais. E aqui há uma aposta forte em sustentabilidade. E os fornecedores vão, cada vez mais, serem olhados pela ótica da sustentabilidade. Se eu gero um produto com menos pegada de carbono, usando energia limpa, com menos desperdício de recurso natural, eu ganho pontos no processo de escolha dessas grandes e médias empresas. Isso tem que estar dentro da lógica do empresário.
E como o Rio Grande do Sul entra nesse cenário?
No âmbito nacional, o Sebrae do Rio Grande do Sul tem um dos destaques nacionais. É um dos quatro estados com mais projetos. Tem um trabalho nas regionais do Rio Grande do Sul para prospectar grandes e médias empresas locais. Trabalha para olhar o território, ver qual grande empresa está instalada, por exemplo, na Campanha, que será possível aproximar, fazer parceria, para levar oportunidade às pequenas empresas desse local. Há uma vanguarda do ponto de vista da atuação do Rio Grande do Sul. Inclusive, no Estado temos a Mercopar, que é uma feira internacional, em que esse tema do encadeamento produtivo faz parte. O Brasil inteiro vai ao Rio Grande do Sul verificar como fazer cadeia produtiva.
A coluna acompanha o Fórum Encadear 2022 a convite do Sebrae.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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