O aumento dos custos da saúde e a incerteza das previsões marcaram um comunicado enviado a cooperados pelo presidente do conselho de administração da Unimed Porto Alegre, Márcio Pizzato. No texto, diz que o cenário é "delicado e desafiador". Segundo o executivo, os números do primeiro semestre "não foram bons", como em todo o setor, e fecha pedindo o engajamento para reverter o quadro. Confira abaixo trechos da entrevista ao Gaúcha Atualidade e ouça a íntegra no final da coluna:
Quais são os maiores desafios dentre os citados na carta?
Tivemos neste "pós-pandemia" um aumento muito grande de procura por serviços médicos, desde os exames simples até as cirurgias que ficaram represadas. Além disso, continua o custo das sequelas da covid-19 e do pânico da população. Qualquer sintoma gripal, buscam fazer os testes antígeno ou o próprio PCR, colocando o nosso custo assistencial em patamares extremamente elevados. O comunicado a nossos cooperados, 1.545 médicos de Porto Alegre, esclarece essa situação. Somos uma cooperativa de 51 anos, uma das mais sólidas do país. Temos que comunicar nossos cooperados, que são nossos sócios.
Até que ponto pode impactar o tratamento dos pacientes?
Prezamos pelo atendimento dos nossos beneficiários. Tudo, tudo, tudo, repetindo mais uma vez, tudo o que for necessário, a Unimed de Porto Alegre vai prezar pelo excelente atendimento dos nossos clientes. O que nós estamos pedindo é cautela no desperdício, repetição de exames desnecessários, investimos muitíssimo em tecnologia da informação para que o médico possa ver que esse exame já foi pedido há 15 dias por um colega.
O empobrecimento da população gerou queda de receita?
Não tivemos perda de beneficiários, nossa participação no mercado até cresceu para 45%. Se empresas grandes demitiram, muitas pequenas e médias contrataram planos de saúde conosco.
Quais números não foram bons no primeiro semestre e prejudicam investimentos?
É sabido que nos meses de inverno aqui no Sul aumentam os casos de urgências pediátricas, de doenças respiratórias. Então, tradicionalmente, temos resultado maior no verão. Neste ano, o nosso resultado foi mais apertado no verão e temos todo o inverno pela frente. O nosso resultado é positivo, mas é bem abaixo do que está avançado para este ano. Nos últimos 15 anos, tivemos resultados positivos que nos deram solidez econômica para se sustentar no período. Estamos com uma crise mundial com a guerra, inflação em alta, desemprego e em um ano de eleições presidenciais, que sempre nos preocupam.
Após o reajuste de 15,5% para planos individuais e familiares autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), qual a previsão para o ano que vem?
Abrange 13% dos nossos beneficiários. A Unimed Porto Alegre tem 87% de planos empresariais ou coletivos por adesão, que são de livre negociação. O reajuste do ano anterior foi negativo em 8,19%. Ou seja, em dois anos, 6% de aumento, abaixo de qualquer índice de inflação. Não cobre o custo. Para o ano que vem, não tenho bola de cristal, mas a inflação no país, hoje, está fora de controle.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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