Queda preço nem sempre é bom sinal. Às vezes, é reflexo de redução de consumo. Isso ocorre, por exemplo, com a carne e o óleo de soja. Os dois itens ajudaram puxar o recuo de 1,9% na cesta básica de Porto Alegre em junho, o maior entre 17 capitais do levantamento. O conjunto de 13 produtos pesquisados pelo Dieese passou a custar R$ 754,19, com oito recuos sobre maio. A carne, um item que pesa muito no cálculo, ficou 2,65% "menos cara". Já o óleo de soja teve redução de 0,57% no preço.
- Apesar das exportações e cotações em alta no mercado internacional, esses preços caíram aqui por conta da demanda doméstica enfraquecida. O óleo de soja, aliás, foi primeira redução após 12 meses seguidos de alta - observa Daniela Sandi, técnica do Dieese.
Ambos subiram muito de preço no início da pandemia (no caso da carne, a alta começou ainda em 2019). Mas o impacto da inflação nos próprios preços deles e na renda do consumidor restringiu a capacidade de compra. Isso serve de alerta para outros segmentos - e não apenas de alimentos.
Alimentos in natura - como tomate, batata e banana - também tiveram redução de preço no mês com entrada de novas safras, o que, sim, é um ótimo motivo. Arroz e feijão seguem com quedas também.
Por outro lado, duas bebidas básicas da mesa do consumidor, leite e café continuam subindo. Como a coluna vinha alertando, o leite disparou em junho, com a maior alta do mês: +14,66%. O café subiu 2,84% "apenas", mas acumula, em 12 meses, alta e 73,31%, seis vezes mais do que a inflação.
Em tempo, reduzir preço por queda de consumo nem sempre é ajuste saudável de mercado. Às vezes, reduzir margem de lucro também significa investimento menor por parte das empresas e corte de custos, que pode atingir dos funcionários a uma cadeia econômica.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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