O mundo está enfrentando uma guerra que envolve países importantes na economia global. Há semanas, fala-se e projeta-se os impactos negativos do conflito na economia dos países, inclusive do Brasil. Então, por que a bolsa de valores de São Paulo está subindo e o dólar está caindo? O motivo é o mesmo: as commodities.
Elas são produtos básicos, usados como insumos, e que tiveram uma disparada nas cotações. Rússia e Ucrânia são fornecedores, por exemplo, de várias commodities agrícolas, como trigo e milho. Os russos também exportam gás e petróleo. Deste último, a cotação do barril está no maior patamar em quase 15 anos. Minério de ferro também subiu, com impacto previsto para o aço. É uma guerra inflacionária porque há risco de menor suprimento mundial desses produtos.
Em alta desde a reabertura à tarde passada após o Carnaval, o Ibovespa está subindo puxado pela valorizações de empresas que trabalham com commodities, como Petrobras, Vale e siderúrgicas. Há um movimento esperado de busca destes papéis pelos investidores. Eles tiram dinheiro, por exemplo, de empresas de tecnologia e levam para as companhias com atividades em commodities. Quase 40% da bolsa brasileira tem ligação com matéria-prima.
E o dólar? Em tese, quando há incertezas, investidor vai para o dólar e a moeda se valoriza no mundo, especialmente em países emergentes. Porém, com a alta das commodities, exportadores se beneficiam com a entrada de divisas. Além disso, o Federal Reserve sinalizou ontem que irá fazer uma alta gradual no juro norte-americano, em um ritmo menor do que estava se prevendo, tirando pressão de alta que isso exerce sobre o dólar.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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