Até onde a Petrobras vai aguentar sem aumentar os preços dos combustíveis nas refinarias neste cenário complexo? Os valores da gasolina e do diesel aqui estão até 30% desfasados em relação ao Exterior, com as maiores diferenças em uma década. Pela política de paridade internacional, a estatal vinha segurando até uma defasagem máxima de 15% para mexer nos preços.
Ontem, o presidente general Joaquim Silva e Luna disse que a equipe avalia o cenário "minuto a minuto", mas que ainda não decidiu sobre preços. Enquanto isso, na esteira da guerra entre Rússia e Ucrânia, o barril segue em alta nesta quinta-feira (3), superando US$ 115, uma escalada nas últimas semanas. O dólar até recuou um pouco ontem, mas nem perto de ser o suficiente para compensar a alta do petróleo.
Luna diz que o mercado do petróleo está nervoso, o que se estende pela cadeia de combustíveis. O mesmo foi dito à coluna por João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro, sindicato que representa os postos de combustíveis. A associação dos importadores de combustíveis tem pressionado para a Petrobras reajustar preços. É um teste de estresse.
Em um cenário de pressão inflacionária, a Petrobras, claro, não quer aumentar preços. A imagem da estatal também ficou muito desgastada ao longo de 2021 com a disparada no preço dos combustíveis, provocada pelo patamar alto do dólar e pela alta do petróleo.
Por outro lado, não fazê-lo provoca desajustes de mercado. As distribuidoras já começaram a encomendar das refinarias brasileiras mais combustíveis do que precisam porque o preço é considerado baixo. Isso faz a Petrobras estabelecer cotas de venda para não comprometer estoques, que foram formados quando o petróleo não estava tão alto. Tem ainda a deterioração do caixa se não há repasse pela empresa do custo da produção e da importação. Isso provoca também desconfiança dos investidores, que cobram juros maiores para financiá-la.
O último ajuste de preços ocorreu em 12 de fevereiro. A perspectiva é de que venha em breve um aumento parcial, ainda sem recompor toda a diferença. No Congresso, os projetos que prometiam reduzir preços estão travados, mas, com a escalada do petróleo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que colocará eles novamente em pauta na semana que vem.
Sobre o assunto, ouça a entrevista do Gaúcha Atualidade com o economista João Fernandes, da Quantitas Asset:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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