Em visita a Rio Grande, a coluna conheceu o porto de um jeito diferente, por água. Durante o trajeto, entrevistou o superintendente do porto de Rio Grande, Fernando Estima, que detalhou os investimentos previstos para o local. Confira a entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha:
Quais são os investimentos previstos para o porto de Rio Grande?
A soma de todos os investimentos fica em torno de R$ 9 bilhões. O mais relevante são os R$ 6 bilhões da própria termelétrica que acaba de receber a licença que está nesse escopo entre obras que estão acontecendo ou que estão anunciadas para começar ainda neste ano. Tem também a obra da Yara feita recentemente, a Unifertil fazendo outras obras. Veio a Josapar com nova fábrica. Expansão do Tecon. Expansão da CCGL. É muito relevante ver e perceber "in loco" aqui o apetite do mercado, onde está principalmente envolvido, aqui, o agronegócio. Somos um porto essencialmente agrícola. São esses os principais destaques.
Quantas pessoas trabalham aqui no porto e qual a perspectiva de geração de empregos com esses investimentos e com a sazonalidade deste momento?
Vou começar com o impacto negativo. A queda de quase 50% da soja vai gerar um impacto, óbvio, negativo. Mas o importante é que a gente tem que olhar para 10, 20 anos. A safra que foi muito boa no ano passado. Infelizmente, não se repete neste ano. Mas na média, nós temos diretamente no porto em torno de 11 mil trabalhadores. Indiretamente, quase 30 a 40 mil trabalhadores. E a perspectiva com esses investimentos realizados é que vai somar em torno de 11 mil novos trabalhadores. Vai ter um pico nas obras destes investimentos. Depois, isso volta para 4 a 5 mil trabalhadores. É muita oportunidade, é muita coisa acontecendo em um mesmo complexo.
E a questão dos investimentos em energia eólica. O governo do Estado está dando encaminhamento em investimentos eólicos offshore e na Lagoa dos Patos. Vocês têm inclusive reunião aqui no porto de Rio Grande com grandes empresas que vocês visitaram na comitiva que foi à Europa. Quais são as perspectivas?
Sendo bem pontual. Geração de energia eólica onshore está consolidada e vai crescer. Também o governo fez investimento, coincidentemente com o mesmo grupo que acaba de ganhar as licenças para termelétrica que é a Cobra. Eles concluíram a linha de transmissão de 1.105 quilômetros do consórcio Chimarrão. Isso possibilita, então, que a gente consiga conectar a energia gerada nos parques eólicos onshore na linha de transmissão nacional. Depois, vêm esses potenciais produtos. Tanto na Lagoa, quanto na costa do Rio Grande, por óbvio o potencial de vento é similar ou até mais constante. Então, já saiu um termo de referência do Ibama, governo federal fez sua parte, o governo estadual está caminhando para isso. Está conversando e abriu audiência pública exatamente para isso. Saber quantos são os interessados. Qual o volume. O que eles têm de contribuição técnica. O próprio porto está fazendo a contribuição. O porto tem o maior interesse que se viabilize energia dentro da lagoa, porque pode ser também uma maneira de trazer novos recursos para dragagem permanente, para sinalização do canal, e assim otimizar o custo de manutenção da nossa dragagem. A nossa perspectiva é muito boa. Na viagem à Madri foi possível ver bem o apetite das empresas, como Iberdrola e Ocean Winds, que estarão nos visitando. E o governo, através da secretaria de Meio Ambiente junto com a Casa Civil, também está com um projeto importante, que é do hidrogênio verde. É bom lembrar que só teremos hidrogênio verde se tivermos o volume de energias renováveis que alimente a produção do hidrogênio verde. São ótimas expectativas, crescentes e necessárias. Estamos falando de um planeta que precisa consolidar as energias renováveis para reduzir as fósseis.
A Assembleia Legislativa aprovou em 2021 o projeto de lei que autorizou a alteração da natureza jurídica da Superintendência do Porto do Rio Grande. Ela passa a ser uma empresa pública. Com o nome de Portos RS, a instituição cuidará de todo o sistema hidroviário e dos três portos públicos — Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre —, além da relação com os demais terminais concedidos e os de uso privado.
Ouça também em áudio:
Confira o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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