Vencida a etapa do Congresso, vai à sanção presidencial agora o marco legal da geração própria de energia. Isso inclui qualquer fonte usada pelo consumidor, mas a mais popular atualmente é a energia solar. Há um temor sobre a criação de "taxa do sol", termo usado pelo presidente Jair Bolsonaro. Na verdade, a proposta - que é extensa e técnica - coloca uma retirada gradativa de incentivos às famílias e negócios que geram energia, que hoje não pagam pelo uso da rede elétrica. Além dos que já têm, quem solicitar o serviço até 12 meses após a sanção da lei também contará com o subsídio – que valerá até 31 de dezembro de 2045.
Coordenadora da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) e proprietária da Solled, Mara Schwengber acredita na sanção, mesmo que Bolsonaro tenha manifestado resistência a esse custo. Do projeto, ela também destaca a redução da tarifa mínima cobrada de consumidores pequenos que geram energia:
- Uma das grandes discussões sempre foi que tivesse benefício para pequenos telhados, pequenas instalações e, agora, isso vai ocorrer.
O texto aprovado prevê que as bandeiras tarifárias incidirão somente sobre o consumo a ser faturado, e não sobre a energia excedente usada para compensar o consumo. Elas têm provocado um peso grande na conta de luz.
Mas por que empresas de geração de energia solar estão apoiando um projeto que tira incentivos? Porque acreditam que isso ocorrendo de forma regrada e gradual deixará o consumidor mais seguro para fazer o investimento. Quem sempre falou à coluna sobre isso foi Alan Spier, da Ecosul Energias. Cada vez que se fala em taxa do sol, o cliente foge sem saber se vão criar algo que deixará o investimento sem sentido. Além do que, até 2045, as baterias off grid devem ter evoluído em preço acessível e tecnologia, fazendo com que muitos consumidores nem venham a usar mais a rede elétrica, armazenando na propriedade mesmo o que geram de energia.
Vai dar correria
Com a conta de luz fechando 2021 com uma alta de 40%, a procura por sistemas de energia solar já disparou. O aumento chegou a superar 50%, segundo Mara Schwengber, da Absolar. Os preços, claro, também subiram, seja porque a demanda cresceu, seja porque o setor também sente a falta de insumos e o aumento no preço do frete global, como tantos outros. Mas como a conta de luz sobe mais, a energia solar segue avançando.
A Ecosul Energias, por exemplo, investiu R$ 10 milhões para ampliar o estoque de equipamentos. Há meses, Spier vem avisando à coluna de que os fornecedores estão com dificuldade de entregar. Os motivos vão da falta de contêineres para transporte em navio até a crise de energia na China. Um contêiner com equipamentos para a empresa chegou nessa semana.
- Setor está voando. Ano que vem será uma loucura. Os fornecedores estão limitando os contêineres porque estão com os estoques zerados. Nós temos. Faltar não vai. Eu gostaria de comprar uma grande quantidade de um só modelo de placa. Isso alivia todos os setores internos, como engenharia, vendas, etc... Só que o mercado está praticamente de prateleiras vazias, o que obriga a comprar de vários, cada um com marca, modelo e potências diferentes.
A busca por profissionais também tem sido disputada. Empresas estão procurando instaladores na construção civil e treinando para trabalhar com sistemas solares.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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