A inflação dos doces e a da gasolina têm um forte fator em comum: a cana-de-açúcar. A planta é insumo do açúcar usado nos mais diversos alimentos e também do etanol, que é usado para abastecer veículos e também na mistura da gasolina.
Estiagem e geada nas regiões produtoras de cana provocaram uma quebra de safra que reduziu tanto a área colhida quanto a produtividade da matéria-prima. São reduções que chegam a 20% e ocorrem ao mesmo tempo em que há aumento de demanda com o avanço da vacinação e o espaço deixado pela alta do petróleo, que provoca uma busca maior pelo etanol. Houve redução de moagem e, com isso, as usinas estão encerrando a produção mais cedo, o que restringe a oferta agora. Na comparação com outubro do ano passado, a produção de açúcar está quase 60% menor, com maior destinação do insumo ao etanol.
O impacto disso chega no bolso do consumidor. O açúcar tem pressionado os preços dos alimentos. Questionado sobre os custos, o presidente da Associação dos Chocolateiros de Gramado (Achoco), Augusto Luz, citou o item em primeiro lugar. Segundo ele, triplicou de preço. Na cesta básica de Porto Alegre, o açúcar é o item que mais subiu em 12 meses, com um aumento de 65,9% no preço.
Já na gasolina, o etanol anidro tem um dos maiores impactos na formação do preço. A mistura é obrigatória pela legislação. Foi um dos motivos da elevação nas bombas na virada do mês e vem nova alta de cerca de 5%, diz o presidente do sindicato que representa os postos (Sulpetro-RS), João Carlos Dal'Aqua.
Além disso, também provoca alta do etanol hidratado, usado para abastecer diretamente os veículos a álcool combustível. As elevações têm sido, com frequência, ainda mais intensas do que da gasolina. O Rio Grande do Sul tem o preço mais alto do país, segundo a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A média do litro está em R$ 6,75. O preço é tão próximo ao da gasolina, que está em R$ 7, que não vale a pena usar o etanol, que tem rendimento menor no motor do carro.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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