Com a gasolina em alta e busca por formas de minimizar o aumento, pessoal pergunta se não reduziria o preço nas bombas caso reduzisse ou retirasse o etanol anidro que entra na mistura do combustível conforme determinado por lei. Essa foi até uma sugestão de João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro-RS, que representa os postos de combustíveis do Rio Grande do Sul.
Atualmente, 27% da gasolina comum é etanol, que teve uma alta forte de preços em 2021. O principal motivo foi o atraso e a quebra da safra da cana de açúcar no Sudeste. A mistura foi adotada na metade do século passado para reduzir a dependência do petróleo estrangeiro. Porém, como estamos vendo agora, ele acaba sendo impactado por questões como a variação climática, o que é uma observação feita com frequência pela Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes). A entidade pediu ao governo federal, em maio deste ano, a redução de 27% para 18% na mistura.
Mas, ainda na questão preço, o químico Marcelo Gauto calculou, com o aumento colocado hoje pela Petrobras nas refinarias, que ocorreria até um efeito contrário:
- Cada 1% a menos de etanol anidro na gasolina comum aumentaria em "meio centavo" o preço final da gasolina comum. Qualquer redução do percentual da mistura significaria maior consumo de gasolina A, o que teria que ser atendido pela Petrobras ou por importação.
Aí, certamente o leitor se pergunta: mas a gasolina não rende mais do que o etanol no motor? A coluna se antecipou e já pediu para o engenheiro mecânico especialista em setor automotivo Anderson de Paulo responder:
- O etanol é um importante aditivo que faz subir a octanagem da gasolina. Vai piorar a qualidade da gasolina e pode levar a danos no motor. Para retornar a octanagem, teria que aditivar com produtos mais perigosos à saúde e à natureza. Não adianta acabar com a saúde por centavos. Existem outros caminhos.
A mensagem que o engenheiro faz à natureza não deixa de ser importante. O etanol é um combustível renovável, mas que deixou de ser estimulado no país com a descoberta do pré-sal, que puxou de volta todas as atenções ao petróleo. Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) elogiou a antiga aposta brasileira no combustível: O único elogio da ONU ao Brasil foi para um combustível deixado de lado
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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