O posicionamento pessoal do lojista Juarez Meneghetti chamou a atenção da coluna: ele acha que não é hora de reabrir e acredita que os governos não estão agindo no que deveriam para apoiar o varejo no fechamento. Em conversa com a coluna sobre uma nova loja que ele planeja para Porto Alegre, Meneghetti acabou desabafando:
- Não é hora de reabrir, mas cadê o apoio dos governos ao varejo? Ninguém apoia. Mandam fechar - e não discuto isso agora porque a situação está muito difícil mesmo -, mas não nos ajudam a manter os negócios.
É um olhar diferente, talvez pela experiência do empresário, que tem 35 lojas do Grupo Boticário, em Porto Alegre e Canoas, atua em entidade empresarial, como diretor da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV) e foi pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE), onde participava do cálculo do PIB do Rio Grande do Sul. Confira trecho da entrevista ao programa Acerto de Contas (domingo, 6h, na Rádio Gaúcha):
Tem ou não que reabrir o comércio?
Nunca passamos por um período tão difícil. Acho até que fechamos quando não deveria no ano passado e sabemos que a contaminação não acontece no shopping, mas a circulação facilita. Agora, não tem UTI e precisamos ter responsabilidade social. O lojista tem que cuidar do funcionário e do cliente. Não é hora de abrir. As reivindicações do varejo agora precisam ser outras.
Quais?
O governo do Estado não está fazendo absolutamente nada por nós. Não fez em 2020, quando ficamos quatro meses fechados. O nosso principal tributo é o ICMS. No primeiro mês de atraso, tem 10% de multa. No segundo, mais 10%. É um absurdo com Selic a 2% ao ano. Não estou falando em sonegação. O comerciante declara, mas não consegue pagar agora. Os prazos precisam ser postergados ou a multa, retirada. Encaminhamos pedido, mas a Secretaria da Fazenda respondeu ser impossível. Não temos apoio.
E o comércio informal?
Acho que a prefeitura de Porto Alegre precisa ser mais atuante. Fechamos as lojas, mas o comércio informal está no Centro. Nem falo da questão econômica agora, mas de saúde. Os ambulantes geram aglomeração.
E o governo federal?
As medidas de incentivo à manutenção do emprego nos salvaram, foram focadas no mercado de trabalho, que é de suma importância. Imagina eu, com 350 funcionários e lojas fechadas. Temos uma função social forte que precisa ser compreendida. Tu não tens noção do que dói fazer uma demissão, porque essa pessoa não vai arrumar emprego e ela tem uma família. Acho que o governo vai reeditar essas medidas.
E o desconforto com supermercados vendendo itens não essenciais?
O pessoal reclama do desequilíbrio concorrencial, mas nem entro na discussão econômica. Se estamos combatendo a aglomeração, o supermercado deveria vender só o emergencial. Provoca mais fila porque vende geladeira, fogão, perfume, tudo. Cada um tem que fazer sua parte para conter a circulação. Está na hora de uma força-tarefa para vencer essa guerra.
Veja, aqui, a entrevista completa com Juarez Meneghetti:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.