No embate entre a onda e a rocha, é o marisco que apanha. Lojistas e restaurantes são o marisco no momento atual entre governo do Estado e prefeitos. Ouvi isso hoje de um comerciante que prefere não se identificar neste momento tenso. Tirando alguns que participam de negociações e estratégias, a grande maioria dos empresários fica sabendo das decisões em cima da hora, corre para chamar ou dispensar funcionários, encher ou esvaziar estoque, além de ficar ao sabor da maré das decisões judiciais.
E isso já acontece pelo segundo final de semana consecutivo. Semana passada, o governador Eduardo Leite anunciou na sexta a retomada da cogestão para segunda, o que já seria, por si só, uma correria. No sábado, uma decisão judicial suspendeu a reabertura do comércio e, no domingo, outra autorizou a abertura. Haja nervos e capacidade de gestão.
Neste final se semana, ao saber que o governo do Estado não aumentaria as liberações, a prefeitura de Porto Alegre publicou decreto autorizando o funcionamento do comércio não essencial no final de semana, mesmo indo contra o programa de distanciamento controlado do Estado. Como tem feito sempre desde o ano passado, o Ministério Público ajuizou ação e, novamente, a Justiça derrubou o decreto em uma decisão cedo da manhã deste sábado (27). O prefeito Sebastião Melo disse que vai cumprir, mas recorrerá da decisão.
Pode, ou não, mudar todo o cenário para o comércio. E não só da Capital, já que outros prefeitos pensam em medidas semelhantes a de Melo. Vários não digeriram ainda decisão de Leite quando suspendeu a cogestão lá atrás.
Na véspera do Dia dos Pais do ano passado, liberações maiores na Capital levaram a intervenção do Ministério Público também. Uma decisão judicial favorável ao Estado determinou que Porto Alegre cumprisse o distanciamento controlado. Às pressas, lojistas tiveram que fechar as portas no sábado, dia anterior à data. O argumento de Melo é semelhante ao usado naquela ocasião pelo então prefeito Nelson Marchezan Junior. Ambos divergem do governador Eduardo Leite, dizendo que a legislação permite que decidam.
O vírus é imprevisível e está destroçando a economia. Ele é o culpado. Mas cabe às autoridades públicas e privadas, além dos poderes envolvidos, minimizarem os demais impactos que são possíveis de serem manejados. Quando tomarem decisões, mentalizam os pequenos empresários que ficam perdidos, angustiados e irritados. E também os grandes, que precisam manejar centenas e milhares de funcionários, e que, qualquer movimento, mexe com cadeias econômicas extensas.
Enquanto isso, a coluna faz trabalho de formiguinha tentando responder conforme consegue as dúvidas mais singelas e legítimas. E pedindo desculpas quando não consegue dar uma orientação assertiva no meio de tanto vai e vem.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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