Em 23 de dezembro de 1925, o imigrante sírio Raphael Kalil Dabdab inaugurava, em Porto Alegre, a Tecidos Dabdab. Na época, era comum as pessoas mandarem fazer roupas sob medida. Funcionários públicos, bancários e outros profissionais tinham que usar calça e paletó. Mais de 95 anos depois, a loja persiste como uma das poucas que vendem tecidos nobres para alfaiataria na Capital.
Quem conta as histórias é o gestor Sérgio Martins, que trabalha há mais de 30 anos na DabDab, na Rua Voluntários da Pátria. Com o passar do tempo, ele viu as lojas da concorrência fecharem; acrescentarem produtos para cama, mesa e banho; ou passarem a vender tecidos mais baratos para atingir clientes do segmento popular.
- A indústria têxtil foi afetada pela entrada de produtos da China. Tecidos de fibras naturais e de alta qualidade foram substituídos por telas populares de fios sintéticos. Nós, como comerciantes de tecidos a metro para alfaiates, sentimos o impacto, pois um tecido de qualidade ficou sem competição frente a essas novidades de baixo custo - explica Martins.
Com a pandemia, a loja enfrentou outra dificuldade. Martins lembra que o pico de vendas acontece no inverno, período em que as restrições de 2020 foram mais fortes.
- A busca de tecidos para uma roupa foi adiada ou ficou em segundo plano. A única procura que tivemos foi para confecção de máscaras. Houve, ainda, a proibição de eventos, casamentos e formaturas, deixando o profissional alfaiate também em uma situação difícil.
Para segurar as pontas, a Dadbad também passou a oferecer os produtos na internet. Além de divulgar por redes sociais e WhatsApp, a loja está construindo um site.
- Fornecemos tecidos de qualidade nacionais e importados e também os aviamentos para confecção de calças, paletós, ternos, camisas. Temos uma variedade grande de tecidos de lãs, linhos, tropicais, casimiras, lãs frias e micro fibras - conta Martins.
História
Em 1899, Raphael Lakil Dadbad nascia na cidade de Antióquia, que, então, pertencia à Síria. Em 1923, ele se mudou para o Rio de Janeiro para trabalhar com o irmão. Dois anos depois, veio para Porto Alegre e juntou-se à comunidade árabe que já existia no quadrilátero das ruas Borges de Medeiros, Riachuelo, Andrade Neves e Rua da Ladeira (atual General Câmara), onde abriu a loja.
Em 1940, a Dadbad foi para a Rua Voluntários da Pátria. Dez anos depois, mudou-se novamente, para uma esquina da mesma rua, ponto onde fica até hoje. Desde sempre, a loja esteve nas mãos da família Dadbad. Até 2016, quem comandava a empresa era Elias Dabdab, filho de Raphael. Com sua morte, o comando do negócio passou para a esposa de Elias, Maria Inez Kops, com 87 anos. O casal não possui filhos.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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