Foi publicado no Diário Oficial do Estado o aviso de abertura de data room com informações sobre a privatização da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D). O espaço foi criado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e é exclusivo para interessados em comprar a companhia. E cobra-se bem por isso: R$ 30 mil.
O ambiente digital traz uma série de documentos sobre a empresa para que os interessados façam a sua avaliação do valor da CEEE-D. A partir de agora, estão previstas visitas e reuniões técnicas com os compradores em potencial para que conheçam os detalhes técnicos, jurídicos, contábeis e atuariais.
Atualmente, a CEEE-D está no estágio mais avançado de desestatização. Já foi aprovada em assembleia de acionistas a venda das ações da distribuidora pela CEEE-PAR, ou seja, pelo grupo, que tem controle estatal. Isso foi comunicado ao mercado financeiro por meio de um fato relevante, já que a companhia tem capital aberto, ou seja, ações negociadas em bolsa de valores.
O valor de R$ 30 mil cobre o acesso à sala de informações, visitas e reuniões com profissionais da empresa. Há ainda a previsão de um depósito caução de R$ 350 mil. A coluna perguntou para o empresário Fernando Marchet se é comum essa cobrança. Ele comanda a Bateleur, uma assessoria estratégica e financeira especializada em fusões e aquisições e respondeu que não é:
- Não é comum. Talvez seja uma maneira de evitarem que as informações sejam acessadas sem um efetivo interesse na transação, o que, em uma operação normal, se faz limitando o acesso somente a quem já fez uma proposta de interesse dos acionistas e após comprovarem capacidade financeira ou garantias para pagarem o tal valor. No caso da CEEE, talvez as particularidades de empresa controlada pelo governo fazem com que tenham que permitir o acesso ao data room a "todos", e então, para limitar esse "todos", criaram essa taxa de acesso e o depósito caução.
Atualização: Nota enviada para a coluna pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema):
"O pagamento de taxa para acessar os documentos no Data Room, em sua maioria de grau reservado, acompanhado por depósito de caução, termos de confidencialidade, cadastro das organizações e outros documentos, é uma prática do setor público habitualmente aplicada em processos desta natureza. Justifica-se pela necessidade de compartilhar documentos estratégicos da Companhia, que no caso da CEEE-D é inclusive classificada no nível 1 das práticas de governança na BM&FBOVESPA, apenas com organizações que efetivamente estão avaliando a aquisição do controle acionário, resguardando as informações sigilosas no Data Room. Também tem como objetivo limitar, por exemplo, visitas técnicas, reuniões com dirigentes da empresa e perguntas de outra natureza que não a do tema em questão, direcionando para quem tem real interesse no processo."
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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