Quatro em cada 10 lojas de vestuário perderam mais de 50% da receita desde que começou a pandemia. O dado faz parte de uma pesquisa com 385 empresas do Simples Nacional no Rio Grande do Sul, ou seja, micro e pequenos empresários, responsáveis pela maior parte dos empregos do setor. A Sondagem de Segmentos para Vestuário é da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) e trouxe questões relacionadas ao coronavírus.
Outro número que se destacou foi relativo a alterações na força de trabalho: 59,2% dos entrevistados disse ter alterado a força de trabalho. Entre estes, 42,5% reportou que aplicou redução da jornada com redução de salários, 33,8% suspenderam contratos e 39% demitiram.
- A pandemia pegou a população de surpresa. Chegou de repente e simplesmente não sabemos quando tudo isso vai acabar. Entretanto, já ficou muito claro que o comércio varejista está entre os grandes perdedores dessa crise e o segmento de varejo de vestuário foi um dos mais prejudicados - diz Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS.
Qual foi a perda de receita na pandemia?
Meu negócio está fechado: 1%
Mais de 75%: 14,3%
De 50% a 75%: 26,8%
De 25% a 50%: 33,2%
De 10% a 25%: 11,2%
10% ou menos: 10,4%
Meu negócio aumentou o faturamento: 3,1%
Adotou alguma medida para conter a queda de vendas?
Sim: 83,1%
Não: 16,9%
Quanto ao financiamento do negócio:
Uso capital próprio para pagar as contas: 49,9%
As receitas estão financiando as despesas: 46,8%
Tomei empréstimos: 9,1%
Tentei empréstimos, mas não consegui: 2,9%
O que fez em relação com o quadro de funcionários? (Para quem tomou alguma medidas e com possibilidade de resposta múltipla)
Houve redução de jornada e salário: 42,5%
Demissões: 39%
Houve suspensão de contrato: 33,8%
Outro: 12,3%
Como avalia a reação do governo federal diante da crise?
Adequada 43,9%
Não foi adequada 36,4%
Não sabe afirmar 19,7%
Como avalia a reação do governo estadual diante da crise?
Adequada 54,8%
Não foi adequada: 28,8%
Não sabe afirmar: 16,4%
Taxas indevidas
Presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA) e também vice-presidente da Fecomércio-RS, Paulo Roberto Kruse procurou a coluna na semana passada para um alerta importante, avisando que são feitas cobranças indevidas para a concessão de crédito pelo Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). São taxas de abertura de crédito, chamadas de TAC, e também seguros que chegam a 10% do empréstimo.
O líder varejista teve reunião com a direção da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Sicredi e Banrisul. A boa notícia é que as instituições confirmaram que o dinheiro do Pronampe já está disponível e alguns empréstimos já ocorreram. Aproveitou o encontro e questionou os bancos sobre as cobranças:
- Eles garantiram que não deve ser cobrado nada assim. É a Selic, de 2,25%, mais o juro de 1,25%. A TAC até poderia, mas muito pequena. Nada perto de 10% - detalha Kruse.
Os relatos apresentados pelos lojistas até agora foram conduzidos pelo Sindilojas Porto Alegre. A entidade entrou em contato com as agências informando da posição da direção dos bancos.
- Nos casos que tomamos conhecimento, as agências recuaram e retiraram as cobranças.
O Pronampe é uma linha de crédito criada para atender micro e pequenas empresas que enfrentam dificuldades durante a crise do coronavírus e foi liberada com a sanção da Lei nº 13.999/2020 do governo federal. Serão beneficiadas as empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões por ano. Por enquanto, a liberação mais ampla está ocorrendo para as microempresas, com receita anual de até R$ 360 mil. CEF e BB estão mais avançados na liberação, diz Kruse. Banrisul e Sicredi iniciarão as operações nos próximos dias, garantiram.
Para falar sobre o Pronampe, lojistas e associados podem entrar em contato no e-mail lauro.simao@sindilojaspoa.com.br ou pelo telefone (51) 99111.1745.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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