Uma nova loja virtual foi criada por minuto no país, desde o início da pandemia do coronavírus em março até o final de maio. Ou seja, são mais de 100 mil novos e-commerces, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), número que certamente aumentou agora no início de junho. No ranking de novos sites, os setores que lideraram os negócios que entraram no mundo digital foram moda, alimentos e serviços.
Sobre o lado consumidor, antes da covid-19, a expectativa era de que o comércio eletrônico ganhasse 3 milhões de clientes em 2020, mas já recebeu 2 milhões apenas na quarentena. O movimento elevou em 40% as vendas online no período.
Afinal, o comércio eletrônico foi a opção tanto para quem compra e quanto para quem vende. Com as medidas de isolamento, foi o caminho para manter vendas com lojas totalmente fechadas. Assim como também conquistou clientes que nunca tinham comprado pela internet e não tinham planos de fazê-lo tão cedo.
A bola da vez nesse processo de venda online é, com certeza, o WhatsApp. Pesquisa do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas POA) aponta que o canal foi apontado por 60% dos lojistas como o melhor para vendas.
- Eles precisam considerar o e-commerce para garantir que seus negócios seguirão abertos durante a crise e se manterão quando ela passar - reforça Thais Del Pino, coordenadora do Núcleo de Pesquisas do Sindilojas Porto Alegre.
Afinal, a ferramenta é a que simula melhor o atendimento de um vendedor na loja física. Gigantes do varejo já reportam a seus acionistas que o aplicativo da bolinha verde, tão conhecido pelos grupos de família, já responde por 20% ou mais das vendas no Brasil. Sobre isso, a coluna sugere a leitura: Quer vender pelo WhatsApp? Não faça essas cinco coisas
Para trazer orientações sobre como entrar no e-commerce, o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) conversou com o consultor e professor de marketing da FGV / Decision, Thomas Hartmann. Confira:
Qual a primeira coisa que o empresário precisa fazer para colocar seu negócio na internet?
Se a empresa ainda não tem ação alguma no meio digital, a primeira coisa que eu recomendo é que entre no Google Meu Negócio, que é uma ferramenta gratuita cedida pelo Google. Quando alguém procura por alguma categoria de serviço, como padaria, loja de roupa, o que quer que seja, os primeiros resultados que o Google mostrará serão, depois dos pagos, aqueles vindo do Google Meu Negócio. E ele já tenta apresentar estes resultados baseados na geografia. Ou seja, as lojas ou os negócios mais próximos fisicamente da pessoa que está procurando serão os primeiros a aparecer. É só procurar Google Meu Negócio e se cadastrar. É importante, também, fazer o cadastro da forma mais completa possível. Com nome do negócio, categoria. O Google permite cadastrar até 10 categorias diferentes. Você pode colocar por exemplo "local para eventos", "padaria", "confeitaria". Quanto mais categorias, melhor. Importante também colocar o número do telefone, o endereço, e dizer no descritivo que está fazendo entregas nesse momento. Inclusive, o Google liberou a possibilidade de a empresa inserir que faz delivery no nome do negócio. Isso chama a atenção do consumidor, que clica ali para saber um pouco mais. É bom também inserir fotos. Quanto mais, melhor. Existem alguns estudos que demonstram uma relação clara entre quantidade de fotos e volume de acessos. Além disso, o Google Meu Negócio vai aparecer tanto no resultado de busca do Google, como no Google Maps.
E é bom para todos os tipos de negócios?
Sim. E ali você consegue até cadastrar os produtos da loja com os preços, como se fosse um catálogo online. Vale lembrar que 60% das pesquisas do Google já não saem do Google, se resolvem ali dentro mesmo. Então, se você coloca um produto e o serviço já com os preços, eventualmente as pessoas já vão ligar direto, ou enviar uma mensagem para o WhatsApp cadastrado, e começar o contato com a marca, com a empresa. É o primeiro local para onde eu iria. Claro que não é o único, mas é o primeiro. Eu tenho implementado, via Sebrae, em alguns projetos, como vinícolas da Serra ou outras atrações turísticas. E a gente vê um crescimento absurdo no acesso dessa ferramenta específica. Mas cadastrar em outros diretórios também é fundamental, como TripAdvisor ou algum outro desses sites que fazem listas de empresas. Você pode, claro, criar a página da empresa no Facebook, um perfil no Instagram e abrir, claro, o canal de comunicação pelo WhatsApp. Serão essas as ferramentas com maior uso agora.
E os chamados marketplaces?
De forma alternativa, também é interessante buscar todos os marketplaces, que são empresas que funcionam como intermediárias para vendas de fornecedores locais para consumidores, como iFood, Uber Eats, Rappi. Todas essas empresas têm criado fundos e condições diferenciadas para pequenos negócios. Por exemplo, o Uber Eats já permite que o restaurante que comercializar pelo aplicativo receba no mesmo dia, e não 30 dias depois, desde que não tenha filiais.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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