A tarde terá uma nova reunião entre empresários e o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior. O encontro marcado para as 15h30 traz algumas alterações nas entidades convidadas, mas as principais seguem as mesmas. Os empresários acham que o prefeito pedirá novamente a compreensão para as restrições das atividades econômicas, mas, mais ainda, o apoio para um lockdown na Capital. Marchezan tem citado as entidades empresariais quando fala que esse suporte é essencial para uma restrição total.
Mas o empresariado está com disposição zero de apoiar o lockdown em Porto Alegre. E não simplesmente porque fecharia ainda mais as atividades econômicas. Mas porque não acredita que seria eficiente. Alguns cumpririam e outros seguiriam vida normal. As entidades não confiam na capacidade da prefeitura de fiscalizar e conduzir um lockdown, considerando que a população não está cumprindo nem o distanciamento de agora.
Seria um "lockdown meia boca" ou "mais do mesmo do que temos agora", são expressões ouvidas pela coluna. Na semana passada, em um desabafo à coluna, o presidente da Lojas Lebes, Otelmo Drebes, disse que apoiaria um lockdown, mas se tivesse alguma garantia de que não seria seguido de mais uma sequência de abre e fecha.
Entidades empresariais sabem que é difícil fazer previsões neste momento, e muito mais dar garantias. Mas também não conseguem enxergar, nas reuniões de atualização da situação da cidade, a apresentação de uma estratégia que os engaje, e esperavam isso dos governantes. Também não ajuda ouvir que estão colocando os negócios acima das vidas ou que Porto Alegre é modelo no combate ao coronavírus, enquanto os negócios sangram e tem empresário, literalmente, sorteando quem vai demitir porque não quer escolher conscientemente alguém da equipe.
Uma ponderação sobre lockdown
Lembrando que a coluna já trouxe uma ponderação do Ministério Público Estadual sobre a legalidade de um lockdown. Procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen disse que os governos municipal e estadual têm legitimidade para fechar ruas para o trânsito e parques, por exemplo, além de atividades econômicas, como já vêm fazendo. No entanto, não podem privar o cidadão do direito de ir e vir. À frente do Ministério Público Estadual, ele entende que isso seria ilegal. Saiba mais: A ponderação do procurador-geral de Justiça sobre a legalidade de um lockdown
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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