Há 14 semanas consecutivas reduzindo suas apostas para o PIB, o mercado brasileiro passou a projetar o pior resultado da história em 2020. Segundo o relatório Focus desta semana, a previsão é que a economia encolha 5,12%. Um tombo provocado pelos impactos da pandemia do coronavírus sobre uma situação que já era complicada, sem ter conseguido ainda se recuperar da recessão de 2015 e a greve dos caminhoneiros em 2018.
Para fazer o relatório semanal, o Banco Central compila as projeções de analistas, instituições financeiras e empresariais. O índice que o Focus traz é uma mediana e não a média, ou seja, é o percentual mais apontado na sondagem.
Ao que tudo indica, facilmente teremos o pior PIB da história, considerando que o IBGE tem o desempenho da economia brasileira desde 1900. A queda mais intensa foi registrada em 1990, ano do Plano Collor e que fechou com retração de 4,35%. Um ano antes, em 1989, o Brasil teve uma inflação de 1.764,83%.
Uma das instituições do Rio Grande do Sul ouvidas pelo Banco Central, a Quantitas Asset está ainda mais pessimista. O economista João Fernandes revisou a projeção para uma queda de 7,5% em 2020 no PIB.
O ministro da economia, Paulo Guedes, ainda fala em uma retomada em "V", ou seja, com uma tombo seguido de uma recuperação rápida da economia. No entanto, é uma previsão compartilhada apenas entre os mais otimistas. No geral, se fala em uma retomada em "L", ou seja, uma queda seguida de uma longa estagnação.
Na última sexta-feira (15), o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br). O indicador apontou uma queda de 5,9% na economia brasileira em março sobre fevereiro, com ajuste sazonal. A queda veio um pouco mais intensa do que o mercado projetava. O IBGE divulga o PIB apenas a cada três meses e ainda não saiu o resultado do primeiro trimestre.
E 2021?
Por enquanto, as projeções estão bastante positivas para 2021. No caso do Focus, a aposta é alta de 3,2% do PIB. Para a Quantitas, elevação de 4%. Há a aposta de que a pandemia seja vencida, seja por uma imunização ampla da população ou, o melhor dos mundos, a descoberta rápida de uma vacina contra o coronavírus.
No entanto, atente-se que esses crescimentos ocorrem sobre a base baixa da economia, provocada pelo tombo deste ano.
- É recuperação, mas pra voltar pro nível de PIB pré-covid-19, só em 2022... - pondera o economista João Fernandes.
Além disso, há os estragos pontuais que precisarão ser consertados e o caminho do ajuste fiscal, que terá de ser retomado não se sabe bem quando. Ainda assim, a coluna está só por 2021.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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